28 Janeiro 2017
Os bispos mexicanos e estadunidenses se uniram contra o muro com o qual Donald Trump quer “proteger” seu país da imigração. Em dois comunicados, os prelados do norte e o sul do Rio Grande demonstraram sua “profunda dor” pelo anúncio do presidente dos Estados Unidos, que “colocará desnecessariamente em risco as vidas dos imigrantes”.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 27-01-2017. A tradução é do Cepat.
Em sua nota, a Conferência do Episcopado Mexicano (CEM) qualificou o muro como “desumana interferência” na vida de milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, adverte Trump que a Igreja, no México e nos Estados Unidos, “continuará apoiando próxima e solidariamente” os migrantes dos dois lados da fronteira, como vem fazendo há mais de duas décadas.
“Expressamos nossa dor e rejeição à construção deste muro, e convidamos respeitosamente a fazer uma reflexão mais profunda acerca das formas como é possível procurar a segurança, o desenvolvimento, a ativação do emprego e outras medidas, necessárias e justas, sem provocar mais danos aos que já sofrem, os mais pobres e vulneráveis”, afirma o comunicado da CEM.
“Seguiremos apoiando próxima e solidariamente a tantos irmãos nossos que provêm da América Central e do Sul, e que seguem em trânsito através de nosso país para os Estados Unidos”, ressalta o episcopado mexicano, que conclui pedindo às autoridades do país que continuem “em busca de acordos” com o país vizinho para que “se salvaguarde a dignidade e o respeito” dos migrantes, que só procuram “melhores oportunidades de vida”.
Por sua parte, os bispos dos Estados Unidos destacaram que a construção do muro prometido por Trump, na fronteira com o México, “aumentará significativamente a detenção e deportação de imigrantes” e será “omissa à sentença de cumprimento da lei estatal e local sobre a melhor maneira de proteger suas comunidades”.
O bispo Joe Vásquez, presidente do Comitê de Migração e bispo da Diocese de Austin, declarou: “Estou desolado porque o presidente priorizou construir um muro em nossa fronteira com o México” e porque “esta ação colocará desnecessariamente em perigo a vida de imigrantes”.
“A construção desse muro só fará com que os migrantes, especialmente as mulheres e crianças, sejam mais vulneráveis aos traficantes e contrabandistas”, disse. E acrescentou que “a construção de um muro de tais dimensões desestabiliza muitas comunidades vivas e muito bem conectadas entre elas, que vivem em paz ao longo da fronteira”.
“Ao invés de construir muros, meus irmãos bispos e eu continuaremos seguindo o exemplo de Francisco. Nós buscaremos construir pontes entre as pessoas, as pontes que nos permitem romper as barreiras da exclusão e exploração”, apontou.
Considerou, além disso, que “o anunciado aumento de espaço de detenção para imigrantes e as atividades de controle da imigração é alarmante”, porque “separará famílias e provocará medo e pânico nas comunidades”.
“Respeitamos o direito de nosso governo federal em controlar nossas fronteiras e garantir a segurança para todos os estadunidenses, mas não acreditamos que uma ação em grande escala para a detenção de imigrantes e o crescente intensivo uso de controle em comunidades imigrantes seja o caminho para obter essas metas”, afirma o bispo.
“Continuaremos – conclui o comunicado – apoiando e nos solidarizando com as famílias imigrantes. Recordamos nossas comunidades e nossa nação, que estas famílias têm um valor intrínseco como filhos de Deus. E a todos os afetados pela decisão de hoje, que estamos aqui para caminhar com eles e acompanhá-los nesta ocasião”.
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Os bispos do México e Estados Unidos, unidos contra a construção de um muro na fronteira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU