28 Outubro 2016
O que parecia impossível tornou-se possível hoje. No próximo dia 31 de outubro terão passado exatamente 500 anos desde aquele divórcio interno aos cristãos representado pela Reforma Luterana. E, no dia 31 de outubro, o Papa Francisco vai comemorar o início da Reforma, em Lund, na Suécia, junto com os luteranos, recolhendo para o presente e para o futuro o fruto surpreendente de um intenso diálogo ecumênico que começou há meio século, em 1967, entre a Igreja de Roma e a Igreja Luterana. O evento de Lund é histórico, porque uma comemoração conjunta não tem precedentes.
A reportagem é de Stefania Falasca, publicada no jornal Avvenire, 27-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Qual é o significado desse evento? "Nesse percurso de diálogo, reconciliamo-nos e reconhecemo-nos como irmãos e irmãs unidos na fé a Cristo. Um processo que nos fez compreender a história de forma diferente. E, no contexto em que vivemos hoje, em um mundo fragmentado, ferido por conflitos, eu acredito que o testemunho de reconciliação e de comunhão entre os cristãos, o fato de luteranos e católicos expressarem diante do mundo a misericórdia e o perdão, é um testemunho poderoso de Cristo ao mundo, e eu acho que pode se tornar uma grande contribuição."
São as palavras do reverendo Martin Junge, secretário-geral da Federação Luterana Mundial, com as quais ele resumiu o significado dessa 17ª visita papal, falando nessa quarta-feira na conferência de imprensa realizada no Vaticano sobre o próximo compromisso ecumênico do Papa Francisco na Suécia.
Junto com o cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Junge refez assim os traços importantes do diálogo teológico levado adiante com a Comissão para a Unidade dos Cristãos, que levou à realização dessa comemoração:
"Nos anos 1980, ninguém jamais acreditaria que encontraríamos um acordo sobre o ponto fundamental da justificação, mas, em vez disso, nós o encontramos – explica –, e se alguém nos tivesse dito apenas alguns anos atrás que teríamos uma comemoração comum entre luteranos e católicos da Reforma, muitos diriam: impossível. Esses eventos dão coragem, porque dizem que muitas coisas consideradas impossíveis podem se tornar possíveis."
O cardeal Koch também enfatizou que, no passado, a recordação da Reforma sempre teve "tons triunfalistas e polêmicos. Não se trata, por isso, de celebrar, de festejar a divisão, mas, ao contrário, de agradecer por tudo o que, desde então, nos une, em comunhão de Cristo".
O Papa Francisco – acrescentou o reverendo Junge – está dando continuidade ao caminho dos seus antecessores, que levou à Declaração Conjunta sobre a Justificação, em 1999, marco do diálogo ecumênico, e, em 2013, ao documento "Do conflito à comunhão", levando adiante o seu fruto com um potencial para continuar trabalhando juntos também no plano prático no serviço ao próximo.
A comemoração ecumênica conjunta luterano-católica será realizada em dois momentos: começará no dia 31 de outubro, com uma liturgia na antiga Catedral de Lund, e continuará com um evento público no Estádio de Malmö. Na Catedral de Lund, será realizada uma cerimônia de oração comum. O Estádio de Malmö será o cenário onde se desenvolverão as atividades dedicadas ao compromisso do testemunho e do serviço comum de católicos e luteranos no mundo.
Serão apresentados aqui também os aspectos mais importantes do trabalho comum do Serviço Mundial da Federação Luterana Mundial (LEF World Service) e da Caritas Internationalis, do cuidado dos refugiados ao serviço da paz e à defesa da justiça climática, que esses dois órgãos de caridade desempenham em todo o mundo a serviço da humanidade sofredora.
O deslocamento do Papa Francisco de Lund ao Estádio de Malmö será de van, junto com o presidente e o secretário-geral da Federação Luterana Mundial, o bispo Munib Younan e o reverendo Martin Junge, com o cardeal Kurt Koch, informou o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Greg Burke. "Viajar juntos: esse também quer ser um sinal ecumênico", disse Burke.
No Estádio de Malmö, estão previstos quatro testemunhos. Depois, seguirão os discursos do bispo Younan e do Papa Francisco, enquanto, no dia seguinte, será celebrada a missa com a pequena comunidade católica sueca.
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Papa com os luteranos: o impossível se torna realidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU