27 Setembro 2016
Certamente não é um mistério que está em curso uma guerra religiosa contra o Papa Francisco. Não do Islã, nem de outras religiões. Desencadeada não por terroristas ou califados. Mas, há muito tempo, realizada com as venenosas e eficazes armas do descrédito dentro do próprio mundo católico e com alas complacentes na alta hierarquia vaticana.
A reportagem é de Antonio Padellaro, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 25-09-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Uma dissidência que não diz respeito aos simples fiéis (dentre os quais este papa possui uma popularidade imensa), mas nem por isso menos ameaçador. Ela busca uma missão da qual não se guarda mais mistério: forçar Bergoglio à renúncia, como aconteceu com o seu antecessor, Ratzinger, para depois prosseguir à eleição de um pontífice mais tradicionalista, na defesa dos chamados valores éticos (para nos entendermos, são aqueles que ressoam contra as uniões gays e os sacramentos aos divorciados).
Um novo papa que, por que não?, restaure até aquela faustosa (e cara) solenidade da Igreja que Francisco sumamente detesta com pensamentos, palavras e ações. Dois jornais [italianos], especialmente, dão voz e argumentos a essa tenaz oposição. Il Foglio, com um estilo mais prudente e meditado. Libero, em formas muito explícitas, como a manchete na primeira página do dia 23 de setembro: "O papa ataca os jornalistas. Bergoglio se santifica".
Um dia antes, o papa tinha recebido na Sala Clementina cerca de 500 jornalistas, fazendo-lhes recomendações bastante normais dada a fonte. Por exemplo, que a difamação por meio da imprensa pode matar moralmente e até fisicamente as pessoas. Mas acima de tudo: "Não submetam a própria profissão às lógicas dos interesses partidários, sejam eles econômicos e políticos". Aviso nada ingênuo, dados os condicionamentos de todos os tipos que afligem a editoria italiana.
Mas devemos dar crédito a Antonio Socci por ter sabido expressar com coerência e sem se esconder por trás das palavras a rejeição e a oposição daqueles que pensam que Bergoglio se tornou para a Igreja um grave problema a ser resolvido.
Em consonância com aquilo que ele escreveu várias vezes, nesse sábado, novamente no Libero, Socci se lançou contra "o culto da personalidade tributado ao Papa Bergoglio por todos os meios de comunicação" (aliás, de ideologia laicista), exortando "todos os homens livres, tanto laicos quanto católicos" para se "aliarem contra tal clericalismo".
Depois, chegou ao ponto: "Na quinta-feira, quando Bergoglio comparou a imprensa livre ao ‘terrorismo’, dizendo que pode ser ‘uma arma de destruição de povos’ quando ‘alimenta o medo diante de fenômenos como as migrações’, ninguém se insurgiu".
Um papa, portanto, de acordo com essa pena santa – certamente compartilhada por opiniões mais amplas –, contra o qual deveriam se "insurgir todos os homens livres". Vocês entendem agora por que Francisco pede continuamente para que se reze por ele?
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O papa deve se proteger dos autointitulados "homens livres" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU