09 Agosto 2016
Um passo fundamental para o acordo de paz na Colômbia é a aprovação das negociações realizadas em Havana, Cuba, por meio de um referendo popular. Contrário ao processo de paz, o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe anunciou no dia 03-08-2016 que fará campanha pelo não no plebiscito que pode acabar com o conflito entre o governo do país e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC. Pesquisas divulgadas nos últimos dias indicam uma preferência da população por não referendar o acordo. A votação deve ser realizada ainda em 2016.
Ex-presidente Álvaro Uribe anuncia campanha pelo não ao plebiscito. Foto: @AlvaroUribeVel |
Uribe foi contrário ao processo de paz desde o início das negociações, que ocorreram em Havana, em Cuba, mas havia dúvidas se ele faria campanha pelo não ou pela abstenção. O acordo de paz é impulsionado pelo atual presidente Juan Manuel Santos, a quem Uribe faz oposição.
Eles eram aliados, e Santos foi eleito em 2010 como sucessor de Uribe. No entanto, uma vez no governo, Santos se distanciou das políticas de Uribe, que acabou por romper com ele em 2012. Santos se reelegeu em 2014, vencendo no segundo turno o candidato Óscar Iván Zuluaga, do Centro Democrático, partido de Uribe. Para Uribe, que presidiu o país entre 2002 e 2010 e hoje é senador, “só nos resta a opção de dizer Sim à paz votando Não no plebiscito”.
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As pesquisas sobre o plebiscito
A primeira pesquisa de opinião realizada após a aprovação do plebiscito pela Suprema Corte mostrou que 35,9% dos colombianos votariam não, enquanto que 27% votariam sim. No entanto, há margem para mudanças. 6% estão indecisos, e 29,1% dizem que pretendem se abster.
Uma pesquisa do Instituto Ipsos, publicada no dia 07-08-2016, indica 50% ao não e 39% ao sim. Essa enquete revelou também que a maioria dos colombianos é pessimista em relação ao sucesso do acordo. Pesquisas realizadas anteriormente mostravam outro quadro, que favorecia o sim. Ainda não há data para realização do plebiscito ou pergunta definida.
Em sua decisão, de julho, a Suprema Corte também estipulou que basta a aprovação de 13% do eleitorado, ou 4,5 milhões de votos, para que o acordo seja referendado. Esse era o número estabelecido pelo governo, e que foi ratificado pelo Congresso. Ou seja, basta uma vitória do sim, mesmo que em uma eleição de alta abstenção, para que o acordo seja aprovado.
Os avanços no processo de paz
A oposição aos acordos não vem apenas dos setores ligados a Uribe. Representantes do Exército de Libertação Nacional – ELN, um ator importante para a resolução definitiva do conflito na Colômbia, denunciaram o que veem como uma tentativa de polarizar a sociedade entre Santos e Uribe, que seriam apenas partes opostas de uma mesma oligarquia.
Enquanto uma parcela da população faz oposição a ele, o processo de paz segue seu caminho. Estão previstas para esta semana visitas de integrantes do governo, das FARC e observadores da Organização das Nações Unidas – ONU aos territórios ocupados pela guerrilha, as chamadas zonas transitórias de normalização. De acordo com o acertado nas negociações de paz, as FARC permanecerão em 23 zonas de concentração e em 8 acampamentos por até 180 dias após a assinatura do acordo. Esse é o período que elas têm para entregar suas armas.
Por João Flores da Cunha / IHU – Com agências
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Uribe fará campanha pelo não no plebiscito sobre acordo de paz com as FARC - Instituto Humanitas Unisinos - IHU