08 Julho 2016
Na tarde do dia 6 de julho passado, a emissora Czech Television (CT2) dedicou 90 minutos de sua programação para cobrir a celebração litúrgica de líderes nacionais e religiosos. Entre eles, estiveram os reformadores Jan Hus e Jerônimo de Praga, os quais foram executados em 1415 como hereges e que são atualmente lembrados como mártires e defensores da fé, do intelecto e da liberdade.
A reportagem é de Theodore Gill, editor de publicações do Conselho Mundial de Igrejas, em Genebra, e ministro ordenado da Igreja Presbiteriana dos EUA, publicado por Conselho Mundial de Igreja - CMI, 07-07-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
A celebração ecumênica de oração comum foi transmitida direto da Capela de Belém, em Praga, lugar de adoração e ensino estreitamente associado a Jan Hus. "Ele foi chamado a ir a esta capela como parte de seu posto na universidade", explicou a Rev. Martina Viktorie Kopecká, da Czechoslovak Hussite Church, antes de a cerimônia começar. "Foi nesta capela que ele tomou coragem para pregar o Evangelho em checo".
Kopecká é pastora na comunidade de São Nicolas, em Praga, e trabalha nos comitês central e executivo do Conselho Mundial de Igrejas - CMI. Ela esteve entre os líderes religiosos da cerimônia na Capela de Belém, lendo um texto bíblico a partir da profecia de Zacarias.
Outros líderes presentes no evento incluíram o Rev. Libuse Roytova, o Bispo Jan Hradl, de Bratislava, o Bispo Filip Stojdl, de Pilsen, o Patriarca Tomás Butta, da Czechoslovak Hussite Church, e uma panóplia de representantes de igrejas da República Checa assim como organismos ecumênicos regionais e internacionais. Grupos musicais da cidade enriqueceram a celebração, e uma guarda colorida com uma variedade de bandeiras simbolizaram o respeito da igreja, do Estado e de grupos culturais.
O dia seis de julho, data da queima de Jan Hus na fogueira, é observado como feriado nacional em homenagem à coragem que ele mostrou em defender a autoridade bíblica em detrimento de maquinações de uma igreja profundamente dividida, e pelo apoio dado aos direitos de todas as pessoas, de alto a baixo, no seu reino de origem, a Boêmia.
O Patriarca Tomás Butta descreveu Jan Hus como "uma figura épica e profética, mas também uma pessoa bastante humana e muito humilde". Sendo um reformista que viveu no século anterior a Martinho Lutero, Hus se opôs à venda de indulgências, pediu pela proclamação do evangelho no vernáculo, incentivou a distribuição da Eucaristia "em ambos as espécies" e pediu uma completa reordenação do clero e dos privilégios clericais.
O patriarca também observou que Jan Hus é lembrado como um professor - e por fim como reitor - da universidade, um alguém que moldou a identidade e o idioma nacional, sendo também um pastor e professor cuidadoso de seu rebanho.
No ano passado, a Capela de Belém recebeu uma cerimônia para marcar os 600 anos desde as execuções de Jan Hus e Jerônimo de Praga. Os meses seguintes viram eventos e exposições em Praga que exploraram o legado deles naquela que, hoje, é vista como uma sociedade cada vez mais secular.
Segundo informa o relatório anual do Departamento de Turismo de Praga, o recorde alcançado em 2015 no número de visitantes à cidade deveu-se às atividades relacionadas a Jan Hus.
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Cerimônia em Praga marca o encerramento das celebrações dos 600 anos do martírio de Jan Hus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU