O Cardeal autríaco Christoph Schönborn mais uma vez enviou um sinal surpreendentemente sincero de abertura a homossexuais e pessoas com HIV-AIDS.

A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por Global Pulse, 13-06-2016. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Em um concerto beneficente chamado Red Ribbon Celebration (em português, Celebração da fita vermelha), realizado no famoso teatro Burgtheater, em Viena, ele destacou a importância de livrar-se de preconceitos, evitar pensar na forma de categorias e dialogar com as pessoas como seres humanos.

Algumas pessoas ficaram surpresas ao ver o cardeal subindo ao palco do antigo teatro da corte imperial com uma fita vermelha na lapela. Ele juntou-se ao organizador do evento, Gery Keszler, fundador abertamente gay do famoso Life Ball de Viena, o maior evento beneficente da Europa em apoio às pessoas com HIV-AIDS.

Cardeal Schönborn, com 71 anos de idade, disse que não estava preocupado com seu lugar ou o da Igreja em relação à homossexualidade, mas com "nossa humanidade compartilhada".

"Eu não sou a Igreja Católica e Gery Keszler não é o Life Ball. Somos, em primeiro lugar, seres humanos", disse ele.

"Eu disse no palco que eu era provavelmente a única pessoa no Burgtheater (naquela ocasião) que tinha preconceitos. Eu tenho preconceitos, mas eles se dissolveram", ele disse mais tarde à agência de notícias austríaca.

O cardeal disse que ele e Keszler se encontraram pela primeira vez em um jantar promovido por alguns amigos e rapidamente descobriram que tinham muitos interesses em comum. Ele disse que as personalidades dos dois foram primordiais, e não as suas respectivas funções - ele como cardeal arcebispo e Keszler como fundador e organizador do Life Ball.

Keszler, aos 53 anos, anunciou no ano passado que era HIV-positivo desde vinte anos atrás. O cardeal descreveu-o como alguém que tem um olhar diferenciado para as pessoas que estão em um momento difícil e estão em um mau caminho, algo que o líder da igreja austríaca disse ser muito apreciado.

Cardeal Schönborn explicou mais tarde no Facebook que ele teve várias conversas "muito emocionantes" com Keszler nos últimos meses. Ressaltando que o leitmotiv do concerto da fita vermelha deste ano foi a lenda grega de Orfeu e Eurídice, ele disse: "Essa foi uma oportunidade para pensar sobre a antiga interpretação cristã de Orfeu, cuja ascensão do submundo aponta para a Ressurreição".

Várias celebridades - atores, músicos, políticos e artistas famosos do mundo da música - participaram do evento deste ano, entre eles Anna Netrebko, a lenda do soul Dionne Warwick e o contratenor francês Philippe Jaroussky.