Por: André | 10 Junho 2016
A polícia francesa interrogou nesta quarta-feira o arcebispo de Lyon, o cardeal Philippe Barbarin (foto), sobre as duas investigações abertas por omissão de denúncia em casos de pederastia em sua diocese. Este interrogatório encerra as investigações, restando ver se a Promotoria arquiva ou não o caso.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 08-06-2016. A tradução é de André Langer.
Fonte: http://bit.ly/1YbKobb |
Barbarin, que não está preso nem foi acusado, mas que fala na qualidade de testemunha, chegou à Brigada de Proteção da Família às 8h. Em sua declaração, o cardeal reafirmou declarações anteriores, negando o conhecimento dos abusos sexuais de menores, mas reconheceu, em abril, que nessa diocese foram cometidos “erros” em matéria de luta contra a pederastia e na nomeação de alguns sacerdotes.
Em uma recente entrevista ao jornal católico La Croix, o Papa Francisco defendeu a decisão de não afastar Barbarin de seu cargo ao afirmar que “seria uma imprudência”, porque fazê-lo antes do fim do processo “seria declará-lo culpado”.
A polícia francesa investiga as supostas agressões sexuais cometidas pelo padre Bernard Preynat contra vários escoteiros entre 1986 e 1991, pelas quais este já está sendo acusado, e por outro padre contra uma adolescente.
As vítimas consideram que Barbarin não denunciou os casos, cobriu Preynat durante anos e o manteve em seu cargo até 2015, ao passo que o cardeal rejeita essas acusações e manifestou desde o princípio sua intenção de colaborar com a Justiça.
Barbarin foi denunciado por vítimas de abusos sexuais de dois padres. Em um dos casos é acusado de ter ocultado dezenas de supostas agressões sexuais do Pe. Bernard Preynat de vários jovens escoteiros de Lyon ao menos entre 1986 e 1991. O citado padre, que continuou exercendo seu ministério até agosto do ano passado, é réu desde janeiro passado e inclusive reconheceu os fatos.
Já há 55 testemunhas confiáveis sobre os abusos do padre, que continuou em contato com menores até o ano passado, embora as denúncias contra ele remontem a 1990.
As denúncias não serviram para nada. A hierarquia católica da França, como aconteceu em outras ocasiões, limitou-se a transferi-lo várias vezes desde 1991, mas outras crianças e jovens continuavam à mercê de seus toques e violações.
O cardeal Philippe Barbarin, interpelado várias vezes sobre este assunto pelas vítimas, afastou-o apenas no verão passado, quando o padre Preynat já tinha 69 anos.
Mas suas vítimas querem agora que seu superior hierárquico (Barbarin) responda por não ter denunciado os fatos que, estimam, eram do seu conhecimento. Além disso, outro homem denunciou o arcebispo: acusa-o de não ter feito nada quando, em 2009, foi informado por outra vítima sobre os ataques sexuais de outro sacerdote.
O arcebispo está sendo interrogado pela Brigada de Proteção da Família sobre estes casos.
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O cardeal Barbarin é interrogado pela polícia francesa sobre os casos de pederastia em sua diocese - Instituto Humanitas Unisinos - IHU