20 Mai 2016
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo João 16,12-15 que corresponde à Festa da Santíssima Trindade, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
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Ao longo dos séculos, os teólogos realizaram um grande esforço por se aproximar do mistério de Deus, formulando com diferentes construções conceptuais as relações que vinculam e diferenciam as pessoas divinas no seio da Trindade. Esforço, sem dúvida, legítimo, nascido do amor e do desejo de Deus.
Jesus, no entanto, não segue esse caminho. A partir da sua própria experiência de Deus, convida seus seguidores a relacionar-se de forma confiada com Deus Pai, a seguir fielmente seus passos de Filho de Deus encarnado, e a deixar-se guiar e alentar pelo Espírito Santo. Ensina-nos assim a abrir-nos ao mistério santo de Deus.
Antes de tudo, Jesus convida seus seguidores a viver como filhos e filhas de um Deus próximo, bom e profundamente querido, que todos podemos invocar como Pai querido. O que caracteriza este Pai não é seu poder e sua força, mas sua bondade e sua compaixão infinita. Ninguém está só. Todos temos um Deus Pai que nos compreende, nos quer e nos perdoa como ninguém.
Jesus mostra-nos que este Pai tem um projeto nascido do seu coração: construir com todos seus filhos e filhas um mundo mais humano e fraterno, mais justo e solidário. Jesus chama-o “reino de Deus” e convida a todos a entrar nesse projeto do Pai procurando uma vida mais justa e digna para todos, começando pelos seus filhos mais pobres, indefesos e necessitados.
Ao mesmo tempo, Jesus convida seus seguidores que confiem também nele: “Não fique perturbado o coração de vocês”. “Acreditem em Deus e acreditem também em mim” (Jo 14,1). Ele é o Filho de Deus, imagem viva do seu Pai. Suas palavras e gestos mostram-nos como nos quer o Pai. Por isso, convida a todos a segui-lo. Ele nos ensinará a viver com confiança e docilidade ao serviço do projeto do Pai.
Com o grupo de seguidores, Jesus quer formar uma família nova onde todos procurem “cumprir a vontade do Pai”. Esta é a herança que quer deixar na terra: um movimento de irmãos e irmãs ao serviço dos menores e desvalidos. Essa família será símbolo e semente do novo mundo querido pelo Pai.
Para isso necessitam acolher o Espírito que alenta o Pai e o Filho Jesus: “Vós recebeis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e assim serão as minhas testemunhas”. Este Espírito é o amor de Deus, o alento que partilham o Pai e o Seu Filho Jesus, a força, o impulso e a energia vital que fará dos seguidores de Jesus as Suas testemunhas e colaboradores ao serviço do grande projeto da Trindade santa.
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