Sem apoio político, Berlusconi decide sair

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09 Novembro 2011

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, perdeu a maioria no Parlamento e se comprometeu a renunciar assim que for aprovado um novo Orçamento com mais medidas de austeridade.

A votação deve ocorrer na segunda quinzena do mês.

"Depois da aprovação da Lei de Estabilidade, apresentarei minha demissão, de modo a que o chefe de Estado possa abrir as consultas e decidir sobre o futuro", disse a uma TV, por telefone.

A reportagem é de Vaguinaldo Marinheiro e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 09-11-2011.

O favorito para assumir o posto é Angelino Alfano, secretário do partido do premiê.

Berlusconi é a quarta vítima da crise econômica que assola a Europa. Antes, renunciaram os premiês de Irlanda, Portugal e Grécia.

Na Espanha, José Luis Zapatero antecipou as eleições, desistiu de concorrer, e seu partido, o Socialista, deve ser derrotado no dia 20.

Todos são países com problemas de caixa e que foram obrigados a pagar juros cada vez mais altos para tomar empréstimos no mercado.

A decisão de Berlusconi aconteceu após ele aprovar as contas de 2010, por 308 dos 630 deputados, oito a menos do que a maioria absoluta. Os demais não votaram, para deixar claro que se opõem ao primeiro-ministro.

Oposição e aliados pediram sua renúncia. Mesmo Umberto Rossi, líder da Liga Norte, que compõe a coligação que governa o país, disse que era melhor ele sair.

TRAIDORES

Durante a sessão do Parlamento, Berlusconi fez várias anotações num papel. Nele, se lia: 308, 8 traidores; apresentar a demissão.

Logo após a votação, foi conversar com o presidente do país, Giorgio Napolitano. Cabe a ele conduzir o processo de sucessão.

Napolitano disse que, após a efetivação da renúncia, irá convocar os partidos para ver se é possível formar um governo de coalizão ou se será necessário convocar novas eleições, que podem acontecer no início de 2012.

Em tese, Berlusconi pode concorrer e, se seu partido vencer, voltar ao cargo.

Berlusconi, 75, é pela terceira vez premiê. No atual governo, que começou em 2008, foi acusado de corrupção e escândalos sexuais. Balançou, mas ganhou 53 votos de confiança.

Cai agora por questões econômicas, devido a pressões de investidores e dos demais líderes europeus, que não acreditam que ele tenha condições de adotar medidas de austeridade.

A Itália, terceira maior economia da zona do euro (atrás de Alemanha e França), tem uma dívida de € 1,9 trilhão -121% do PIB (conjunto de riquezas do país).

A desconfiança de que não terá como pagar essa dívida faz investidores exigirem juros cada vez mais altos para emprestar ao país.

Ontem, títulos de dez anos chegaram a ser negociados com juros de 6,77% ao ano.

Foi nesse patamar que a Irlanda e Portugal tiveram que recorrer a empréstimos do FMI e da União Europeia.

O problema é que a economia italiana é maior que as de Irlanda, Portugal e Grécia juntas.