24 Agosto 2011
São ao menos três as novidades que caracterizam as Jornadas Mundiais da Juventude com este Papa: os espaços de silêncio, a idade muito jovem dos participantes e a paixão em testemunhar a fé no mundo.
A reportagem é de Sandro Magister e está publicada no sítio italiano Chiesa, 24-08-2011. A tradução é do Cepat.
Depois de cada viagem para fora da Itália, Bento XVI gosta muito de fazer um balanço da mesma na audiência geral da quarta-feira seguinte.
Foi o que fez depois da Jornada da Juventude de Colônia, em agosto de 2005. Não o fez voltando de Sidney porque foi um julho e nesse mês as audiências gerais são suspensas. Mas o Papa comentou mais tarde sua viagem à Austrália no discurso feito à cúria romana por ocasião do Natal de 2008.
Desta vez, de volta de Madri, Bento XVI fez novamente uma reflexão sobre a sua terceira Jornada Mundial da Juventude.
Nesta e em suas reflexões anteriores, é evidente que Bento XVI vê as Jornadas Mundiais da Juventude como um momento relevante de sua missão de sucessor de Pedro.
Um simples exame externo destes encontros mundiais evidencia também características diferentes que se manifestaram de maneira particularmente visível em Madri.
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A primeira é o silêncio. Um silêncio prolongado, intensíssimo, que irrompe nos momentos chaves em um mar de jovens que até imediatamente antes estava explodindo em festa.
A Via Crucis é um destes momentos. Outro ainda mais impressionante é o da adoração da Santa Hóstia durante a vigília noturna. Um terceiro é o da comunhão durante a missa de encerramento.
A adoração silenciosa da Santa Hóstia é uma inovação introduzida nas Jornadas Mundiais da Juventude por Bento XVI. O Papa se ajoelha e com ele se ajoelham centenas de milhares de jovens. Todos em direção não do Papa, mas daquele "pão nosso de cada dia", que é Jesus.
Em Madri, a tempestade que antecedeu a adoração eucarística tornou ainda mais impressionante este silêncio. E algo similar ocorreu na manhã seguinte, na missa. O inesperado cancelamento da distribuição da comunhão – por razões de segurança não esclarecidas – não provocou desordem e distração na imensa multidão de jovens, mas, ao contrário, um silêncio de compostura e intensidade surpreendente, uma "comunhão espiritual" de massa sem precedentes.
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Uma segunda característica distintiva desta última Jornada Mundial da Juventude é a idade média muito baixa dos participantes: 22 anos.
Isto significa que muitos deles participaram pela primeira vez. O Papa deles é Bento XVI, não João Paulo II, que conheceram apenas como crianças. Eles são parte de uma geração de jovens e de muito jovens que está exposta a uma cultura secularizada. Mas são ao mesmo tempo o sinal de que as perguntas sobre Deus e os destinos últimos estão vivas e presentes também nesta geração. E o que move estes jovens são precisamente estas perguntas, às quais um Papa como Bento XVI oferece respostas simples e, no entanto, fortemente comprometedoras e atrativas.
Os veteranos das Jornadas Mundiais da Juventude estavam em Madri. Mas sobretudo entre as dezenas de milhares de voluntários que se ofereceram para a organização. Ou entre os numerosos sacerdotes e religiosas que acompanharam os jovens, e cujas vocações surgiram precisamente em Jornadas Mundiais da Juventude anteriores. Já é algo consistente afirmar que encontros como este são um viveiro para futuros líderes das comunidades católicas do mundo.
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Uma terceira característica distintiva é a projeção "ad extra" destes jovens. Eles não estão interessados nas batalhas internas da Igreja para que se modernize com o passar dos tempos. Encontram-se há anos luz das "cahier de doléances" de seus irmãos maiores, que reivindicam sacerdotes casados, mulheres sacerdotes, a comunhão dos divorciados recasados, a escolha popular dos bispos, a democracia na Igreja, etc., etc.
Para eles, tudo isto é irrelevante. Para eles basta ser católico como o Papa Bento os faz ver e entender. Sem distrações, sem contas. Se alto é o preço com que fomos salvos – o sangue de Cristo –, alto deve ser também o oferecimento da vida dos verdadeiros cristãos.
Não é a reorganização interna da Igreja, mas a paixão pela evangelização do mundo o que move estes jovens. O Papa estava para dizer isto com as seguintes palavras, no discurso interrompido pelo temporal:
"Queridos amigos, que nenhuma adversidade vos paralise. Não tenhais medo do mundo, nem do futuro, nem da vossa debilidade. O Senhor vos outorgou viver nesse momento da história, para que graças à vossa fé siga ressoando seu Nome por toda a terra".
O vaticanista norte-americano John L. Allen definiu os jovens reunidos em Madri como "Evangelical Catholics".
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Pós-Madri. Como Bento XVI inovou as JMJ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU