19 Agosto 2011
"Na comparação com os dois filmes anteriores do diretor (Terrence Malick), o belíssimo Além da Linha Vermelha e o onírico O Novo Mundo, o que eram virtudes agora (A Árvore da Vida) são entraves ou só perfumaria", critica Ticiano Osório, jornalista, em artigo publicado no jornal Zero Hora, 20-08-2011.
Eis o comentário.
É evidente que A Árvore da Vida convida o público a imergir – é evidente demais. Na pretensão de trazer o espectador para dentro de seu filme, emaranhá-lo em seus frondosos galhos em busca de significados e sensações (porque em poesia visual ele é mestre), Terrence Malick criou uma obra que carece justamente de vida.
Não há quem nos leve ao mergulho – falta um personagem que estabeleça uma conexão emocional nessa história que, virtuosismos à parte, é tão velha quanto a Bíblia: apenas reempacota com uma fita mais colorida o remorso de um pai autoritário, a tristeza de uma mãe passiva, a revolta silenciosa dos filhos.
Na comparação com os dois filmes anteriores do diretor, o belíssimo Além da Linha Vermelha e o onírico O Novo Mundo, o que eram virtudes agora são entraves ou só perfumaria. A reverência à natureza e à influência dela no humano, se antes era transcendental, aqui é apenas espetacular – vide a sequência do big bang, talvez mais comentada do que o próprio filme. As narrações em off, se antes tornavam o espectador mais íntimo dos personagens, aqui soam forçadas, óbvias. A montagem fragmentada, se antes deixava o público ávido por colar mais em cada soldado, em cada nativo, aqui só colabora para impedir a conexão com os personagens.
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