07 Dezembro 2012
Lembre-se: "Na alegria e na tristeza" também se aplica às tarefas domésticas.
Os fabricantes de produtos de limpeza doméstica estão observando com atenção uma importante mudança comportamental nos lares americanos - uma nova divisão, lenta, mas constante, das tarefas domésticas, com mais homens lavando pratos, esfregando o chão e lavando roupa.
As esposas, em tese, deveriam se alegrar. Mas após várias gerações reclamando de ter de fazer a maior parte do trabalho de casa, muitas acham difícil parar de administrar tudo nos mínimos detalhes.
A reportagem é de Ellen Byron, publicada no The Wall Street Journal e reproduzida pelo jornal Valor, 06-12-2012.
As fabricantes de produtos de limpeza, tendo em jogo bilhões de dólares em vendas, estão reconhecendo que os homens - muitos dos quais continuam subempregados na economia americana pós-recessão - também são clientes importantes. As empresas estão remodelando seus produtos e sua publicidade para ajudar os homens a decifrar tarefas de limpeza e dar às mulheres mais paz de espírito ao delegar essas atividades.
Em 2011, os homens americanos relataram que faziam, em média, 16 minutos diários de trabalho doméstico, um aumento de 2 minutos em relação a 2003. As mulheres faziam 52 minutos de trabalho doméstico por dia, em média - uma redução de seis minutos no mesmo período, de acordo com o Escritório de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos.
Em uma pesquisa de 2011, 57% das mulheres do país disseram que querem que seu parceiro ou cônjuge as ajude com mais frequência, de acordo com a SC Johnson, fabricante do Scrubbing Bubbles, um produto de limpeza de chão, que entrevistou 1.500 mulheres e 500 homens. No entanto, 42% das mulheres disseram que não confiam que seu parceiro ou cônjuge consiga atingir os padrões de limpeza que elas consideram necessários.
Este ano, a Procter & Gamble (P&G) lançou o sabão de lavar roupa Tide Pods, em parte para atender às mulheres que dizem sentir muito estresse ao delegar a responsabilidade de lavar a roupa ao marido e outros familiares. Os sachês Tide Pods, de dose única, eliminam a necessidade de medir o produto - reduzindo a preocupação de algumas mulheres de que a outra pessoa use o produto em excesso, ou muito pouco. A empresa também produz a barra Bounce, um amaciante que se instala na secadora de roupas e dura meses.
"A mulher fica muito nervosa pensando que outra pessoa vai lavar sua roupa, pois ela tem a sua receita especial para fazer isso", diz Shellie Porter, chefe de pesquisa e desenvolvimento para a marca Tide na América do Norte.
Hoje os homens americanos fazem, em média, quase um terço do trabalho doméstico, diz Scott Coltrane, sociólogo e reitor da Universidade do Oregon. É um aumento em relação a menos de um quinto, em média, em 1965, quando as tarefas masculinas se resumiam a levar o lixo para fora e cuidar do quintal. Os dados sugerem que essas mudanças serão duradouras, diz Coltrane. "Os papéis associados a cada gênero acabam caindo quando não fazem mais sentido."
As mulheres costumam dar mais importância ao trabalho doméstico do que os maridos porque elas são julgadas com mais severidade se a casa estiver suja ou desarrumada, diz o autor e psicólogo Joshua Coleman. "O estado da casa ainda pode ser algo muito ativo na identidade de uma mulher, e isso é verdade nas mais diversas classes sociais e níveis educacionais", diz.
É mais provável que uma casa desarrumada faça a mulher sentir mais constrangimento ou vergonha do que o marido, mesmo que ele seja o principal culpado, diz Coleman. Negociar a divisão de tarefas requer sutileza e diplomacia por parte da mulher. "Quanto mais exigente for a mulher sobre como a casa deve ficar e a maneira certa ou errada de limpá-la, mais provável é que o homem se afaste da mesa de negociações", diz ele.
A P&G lançou recentemente a campanha "Man Up, Clean Up" ("Seja homem, limpe") para os esfregões e espanadores Swiffer. Ela exorta os homens a assumir mais tarefas em casa, mas fala com as mulheres, também. "Algumas pessoas podem hesitar um pouco em delegar tarefas de limpeza porque têm um padrão de qualidade muito alto", diz Scott Beal, diretor associado de marketing para a Swiffer na América do Norte. "A mensagem da Swiffer é que, não importa quem esteja manejando o produto, o resultado será o esperado."
Este ano, os maridos estão lavando roupa em comerciais da Tide - pela primeira vez na história da marca, de 66 anos de existência. Em um anúncio, um pai que é dono de casa se gaba: "As roupas ficam incríveis, e o papai - bem, ele é um herói".
"Estamos tentando refletir esse novo lar, tanto quanto possível", diz Chris Lillich, diretor associado de marketing da P&G para produtos de lavanderia na América do Norte. "E esses pais não são uns inúteis; são homens de verdade, que sabem o que estão fazendo".
A Kimberly-Clark, fabricante das fraldas Huggies, informa que, segundo suas pesquisas, cerca de um terço dos pais participa de maneira significativa, ou igual, na criação dos filhos. "Vimos a conexão emocional que podemos obter com as mães quando transmitimos esses momentos de ternura que o pai pode ter com o bebê", diz Aric Melzl diretor da marca Huggies. Um anúncio mostrando pais de verdade ninando seus bebês agradou também às mães.
Há mais empresas querendo garantir que os homens estejam representados nas suas pesquisas com o público geral. Hoje os homens constituem, de modo geral, cerca de 20% das amostras, contra zero há três anos, diz Jonathan Asher, da Perception Research Services, firma de pesquisas com consumidores. Os homens passam menos tempo escolhendo produtos do que as mulheres, e fazem menos planejamento prévio. Em compensação, mostram mais lealdade à marca, diz Asher.
Bob Horwitz e sua mulher, Tami, trabalham em tempo integral e dividem as tarefas domésticas. "Eu faço as camas, limpo o banheiro e passo aspirador de pó", diz Horwitz, executivo de marketing de 59 anos, de Minneapolis, no Estado americano de Minnesota. "Ela tira o pó dos móveis e cuida da cozinha." Os dois lavam a roupa juntos aos domingos.
Horwitz diz que quando está fazendo limpeza, sua técnica é criar pilhas de papéis e tranqueiras. "Eu odeio essas pilhas", diz sua esposa, de 51 anos, gerente de produto de uma firma de artigos para a saúde. "Eu passo por esses montinhos e me dá um arrepio. Mas contanto que a limpeza seja feita, e seja bem feita, não me importo de que modo ela é feita."
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Nos EUA, homem que limpa casa e lava roupa é novo alvo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU