24 Novembro 2012
A terra trazida de variados pontos do país multicoloriu o pote no qual ela foi depositada por ministras, diáconas, catequistas, missionárias e pastoras que se reuniram em Curitiba, dias 13 a 15 de novembro, para celebrar os 30 anos de ordenação feminina na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
A unção com óleo perfumado, enviado do Pará às ministras, envolveu as 106 participantes do encontro. "Tantos símbolos revelam a diversidade existente entre nós", constataram. "Os 30 anos de caminhada podem agora ser unidos como peças de um mosaico, do qual uma de nós faz parte com a sua história particular", comemoraram.
A reportagem é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 23-11-2012.
A pastora Anelise Lengler Abentroth assinalou que o desafio crítico da leitura dessa história "fez com que sentíssemos a necessidade de registrar estórias de mulheres, de sistematizá-las e partilhar esses relatos que marcaram a sua presença no ministério ordenado da IECLB".
Do quadro de 1.220 pessoas ordenadas, 350 são mulheres e a tendência é o aumento da sua participação no ministério, uma vez que a metade das matrículas na Faculdades EST, de São Leopoldo, é ocupada por alunas.
"Deus é como uma mulher que se coloca a procurar e festejar com alegria coletivamente, comunitariamente, quando encontra aquela experiência de luta e vida que estavam perdidas", escreveu a pastora Claudete Beise Ulrich, na bênção lida em celebração.
Na saudação às obreiras, a presidente da Comunhão Diaconal, Cleris Regina Seffrin, convidou-as a seguir a profetisa Miriam, que era irmã de Arão. Miriam pegou um pandeiro e todas as mulheres a acompanharam, tocando pandeiro e dançando. "Cantem, dancem, profetizem, comemorem, rememorem", incentivou.
A primeira mulher ordenada ao ministério feminino na IECLB foi a pastora Edna Moga Ramminger, no dia 13 de novembro de 1982. "Mas não fui a primeira mulher a exercer o ministério pastoral em nossa igreja. A pastora Rita Marta Panke foi a primeira, que assumiu o pastorado em 1977 e eu em 1978", frisou Edna na pregação que apresentou às colegas durante culto celebrado no encontro.
"Precisamos expressar nossa gratidão pelo fato de mulheres serem reconhecidas como capazes de participar lado a lado com homens na missão de Deus neste mundo", proclamou. "É Deus que quer que mulheres respondam a sua vocação e se preparem e disponham a servir no ministério ordenado", agregou.
Na América Latina e no Caribe, destacou a pastora brasileira Elaine Neuenfeldt, coordenadora da Oficina de Mulheres e na Igreja e na Sociedade, um programa da Federação Luterana Mundial sediado em Genebra, todas as denominações membro desse organismo ecumênico internacional abraçam o ministério feminino como parte de seu jeito de ser igreja.
Colegas que estão servindo na Alemanha alertaram que ainda se faz necessária a abordagem de conceitos e temas ligados ao feminismo, à teologia feminista, às relações de gênero, "que considerávamos suficientemente maduros", mas que precisam ser destacados em diferentes situações, quer na família, nas diferentes instituições, na sociedade e na comunidade.
"Estamos cercadas de exemplos que nos motivam a seguir com coragem para transformarmos a realidade que nos cerca", asseguraram colegas brasileiras que se encontram na Europa. O lema do encontro de Curitiba, amparado no evangelista Marcos (14,9), reforça essa vontade: "Onde for pregado o Evangelho será contado o que ela (a mulher que derramou perfume em Jesus) fez, para a sua memória".
Por isso, reza a bênção elaborada pela pastora Claudete, "não nos cansamos, na certeza de que a luta vale a pena".
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Ministras luteranas festejam 30 anos de sacerdócio feminino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU