Por: André | 20 Outubro 2012
Bispos e doentes. Nestes anos foram muitas as dioceses que acompanharam os seus pastores através do longo calvário da doença. Às vezes, no entorno do bispo doente, além de orações, cristaliza-se com maior intensidade o conceito de Igreja-Povo de Deus.
A reportagem é de Maria Teresa Pontara Pederiva e está publicada no sítio Vatican Insider, 17-10-2012. A tradução é do Cepat.
Mas na diocese de Chicago está acontecendo algo mais. Enquanto o arcebispo, o cardeal Francis George, encontra-se lutando, desde o verão, contra um câncer, alguns grupos de leigos se organizaram para discutir a sucessão e formular alguns pedidos ao Vaticano, que tem a última palavra.
George, de 75 anos, religioso dos Oblatos de Maria Imaculada (o primeiro nomeado bispo de sua cidade natal, depois de suas experiências em Yalima e Portland), foi até 2010 presidente da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos (além de membro de algumas Congregações Pontifícias) e enviou sua renúncia ao Papa em janeiro deste ano.
É aqui que entram em jogo os leigos, que não pretendem ser simples espectadores e temem que a decisão se oriente para algum pastor que não siga a linha do atual ou para algum pastor que “aposte exclusivamente na ortodoxia”, prejudicando muitas outras coisas. Um dos mais ativos parece ser Paul Culhane, da Paróquia de St. James, professor emérito de Ciências Políticas na Northern Illinois University, que criou um blog para refletir e expor as qualidades que o novo pastor deveria ter.
É uma iniciativa que não tem precedentes, segundo declarou há alguns dias ao Chicago Tribune, mas que não vai contra o Código de Direito Canônico. O cânon 212, parágrafo 2 diz: “Os fiéis têm o direito de manifestar aos Pastores da Igreja suas necessidades, principalmente espirituais, e os próprios anseios”. E no parágrafo 3 que: “De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às vezes, até o dever de manifestar aos Pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os Pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis”.
“Quem melhor que eu, que vivo aqui há 43 anos, ou outros mais antigos, pode conhecer melhor as exigências de nossas comunidades?”, comentou Mary Jean Cardwell. Contudo, a arquidiocese parece não ter autorizado as paróquias a apoiarem a iniciativa em nível de boletins paroquiais: “A ideia de animar as pessoas para que expressem a própria opinião ao Núncio que representa o Papa é boa, mas não há nenhum motivo pelo qual os católicos se devam reunir em um grupo estruturado”, disse o porta-voz diocesano, Colleen Dolan.
Por isso, os mentores desta iniciativa estão se organizando na rede: apostam na história da Igreja dos primeiros séculos e na prática da eleição dos bispos com a esperança de estender o máximo possível a base das consultas, posto que normalmente antes que o bispo peça a renúncia, o Núncio pede a alguns fiéis “seletos” algumas propostas para a substituição. Animar a expressão das vozes locais seria uma forma (escreveu ao Chicago Tribune) de levar em consideração as exigências das comunidades, que muitas vezes ficam em um segundo plano em relação às decisões mais importantes.
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Leigos querem ter voz mais ativa na nomeação de bispos nos Estados Unidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU