“Para voltar à Igreja é preciso aceitar o Concílio”, escreve Bento XVI a Fellay

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: André | 01 Outubro 2012

Em 30 de junho passado, poucos dias antes do começo do capítulo geral da Fraternidade São Pio X, Bento XVI escreveu uma carta ao superior dos Lefebvrianos, o bispo Bernard Fellay. A existência desta carta foi revelada por Bernard Tissier de Mallerais, um dos quatro bispos da Fraternidade, cuja oposição ao acordo com Roma é conhecida, durante conferência realizada no dia 16 de setembro no priorado St. Louis-Marie Grignon de Monfort, na França.

A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 28-09-2012. A tradução é do Cepat.

Disse o prelado: “Em 30 de junho de 2012 (é um segredo que vos revelo, mas que será publicado) o Papa escreveu de seu próprio punho uma carta ao nosso superior geral, dom Fellay: ‘Confirmo-lhe efetivamente que para se reintegrar verdadeiramente na Igreja é preciso aceitar verdadeiramente o Concílio Vaticano II e o magistério pós-conciliar’”.

“Trata-se de um ponto morto – comentou Tissier de Mallerais – porque para nós não é aceitável, e não podemos assinar uma coisa dessas. Pode-se precisar questões, porque o Concílio é tão amplo que se pode encontrar coisas boas nele, mas não é o essencial do Concílio”.

O bispo lefebvriano também disse palavras muito duras durante a conferência: “Não se pode abandonar as armas no meio da batalha, não buscaremos o armistício enquanto a guerra aumenta: com o encontro de Assis do ano passado; com a beatificação de um falso beato, o Papa João Paulo II. Uma coisa falsa, uma falsa beatificação. E com a exigência, indicada constantemente por Bento XVI, de aceitar o Concílio e as reformas do magistério pós-conciliar”.

Tissier de Mallerais também disse que “a colegialidade destrói o poder do Papa, que já não ousa resistir às conferências episcopais”; destrói “o poder dos bispos, que já não ousam resistir aos conselhos episcopais”. Acrescentou que o ecumenismo “faz com que se respeitem os valores de salvação das falsas religiões e do protestantismo, coisas falsas”, ao passo que a liberdade religiosa “permite de bom grado a construção de mesquitas em nossos países”.

“Evidentemente – acrescentou o bispo lefebvriano –, não podemos assinar isto. Sobre este ponto não há nenhum acordo e não haverá nenhum acordo”. Apesar das insistências da “Roma modernista”, Tissier garante que, “pessoalmente, não assinarei nunca coisas deste tipo, que fique claro. Não aceitarei nunca dizer que a nova Missa é legítima ou lícita; eu direi que é, com frequência, inválida, como dizia dom Lefebvre. Nunca aceitarei dizer: “O Concílio, se bem interpretado, talvez poderia corresponder à Tradição, se poderia encontrar um significado aceitável”.

Depois de ter chamado de “mentiroso” o texto do Preâmbulo Doutrinal que o cardeal William Levada entregou a Fellay no dia 12 de junho, o cardeal lefebvriano disse que o capítulo geral da Fraternidade que se reuniu em julho tomou algumas “decisões muito suaves”, para “apresentar a Roma tais obstáculos que Roma não ouse mais nos importunar”, colocando “condições praticamente irrealizáveis para impedir que façamos novas propostas. Mas o demônio é maligno, e eu creio que eles voltarão ao ataque, razão pela qual me preparo delicadamente para nos defender, e a Fraternidade se defenderá”.