05 Agosto 2012
Apontado como um dos grandes racionalistas na assim chamada Filosofia Moderna, Baruch Spinoza (1632-1677) é considerado o “pai” do criticismo bíblico moderno e um dos primeiros pensadores a formular uma potente crítica contra as ideologias estabelecidas. Filósofo de poucas obras publicadas em vida, em função da excomunhão e censura que lhe foram infligidas pela comunidade hebraica de Amsterdã, o holandês inspira a discussão de capa da IHU On-Line desta semana.
Consideradas fantasias, as leituras místicas e alegóricas da Bíblia são criticadas por Spinoza, aponta Maria Luísa Ribeiro Ferreira, da Universidade de Lisboa. Apesar de Deus ser central na sua Ética, não se trata daquele judaico-cristão, pondera.
No pensamento político de Spinoza, o exercício da democracia como potência e virtude caminha ao lado de uma compreensão das causas da obediência, que não deve ser “insensata”, argumenta Diego Tatian, da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina.
César Schirmer dos Santos, professor na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, argumenta que num país como o Brasil, cuja bancada religiosa é tão expressiva, ler o Tratado teológico-político seria importante.
As aproximações entre Spinoza, Nietzsche e Antonio Negri são a temática de Homero Santiago, da Universidade de São Paulo – USP, enquanto o doutorando pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro – IUPERJ, Bernardo Barata Ribeiro, examina o naturalismo radical desse pensador, além das influências oriundas de Maquiavel.
Marcos Gleizer analisa a influência cartesiana em Spinoza, e aponta em seus escritos uma ruptura radical com a “doutrina tradicional da imortalidade pessoal”.
Lia Levy, docente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, afirma que a questão fundamental para Spinoza era a busca por uma vida moral plena, e que Descartes exerceu uma influência indiscutível no seu legado, embora ambos tenham interesses filosóficos distintos.
A pesquisadora do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas – Conicet, Mariana de Gainza, localiza Spinoza como o pioneiro no criticismo ao status quo, com base na opinião do círculo althusseriano.
A leitura de Spinoza “sob a insígnia de um mal entendido” é uma das temáticas abordadas pelo filósofo Vittorio Morfino, da Università degli Studi di Milano-Bicocca, ao passo que Laurent Bove, da Universidade Picardie Jules Verne, fala em uma filosofia de resistência à dominação.
Marilena Chauí, filósofa, da Univesidade de São Paulo - USP, discutindo a atualidade de Spinoza, ressalta a ideia de "democracia como realização coletiva da vida livre, graças à afirmação da imanência do poder à sociedade, a partir da identificação entre direito e poder e da exposição da gênese da vida política como ação do sujeito político como multitudo".
Enfim, dois artigos completam esta edição. A partir das mobilizações suscitadas pela Rio+20, Carlos A. Gadea, professor e pesquisador do PPG em Ciências Sociais da Unisinos, escreve o artigo “Contra Marx, apesar de Marx, além do Marx: ou o ressurgir da fórmula materialista da história”. Por sua vez, Andres Kalikoske, coordenador da especialização Televisão e Convergência Digital na Unisinos, descreve os desafios e as perspectivas da digitalização do audiovisual alternativo.
A todas e a todos uma ótima semana e uma excelente leitura!
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Baruch Spinoza. Um convite à alegria do pensamento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU