Índios mantêm ocupação de obras da usina de Belo Monte

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

25 Junho 2012

Faz quatro dias que cerca de 150 índios das etnias dos povos Xikrin, Juruna, Parakanã e Araras, afetados pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte, ocupam parte da Ilha Marciana, que integra o Sítio Pimental, da barragem. Eles confiscaram chaves de tratores, carros e equipamentos de rádio usados pelos trabalhadores.

A reportagem é de Fátima Lessa e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 25-06-2012.

O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) responsável pelas obras confirma a ocupação, mas informou que não afetou o andamento das obras. A manifestação é pacífica e eles exigem a presença de representantes do governo e da Norte Energia Sociedade Anônima.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário do Pará (CIMI/PA) que acompanha a manifestação, os índios decidiram pela ocupação para manifestar sua insatisfação com o desrespeito de seus direitos e o não cumprimento das condicionantes, em especial aquelas relativas aos indígenas.

Além das condicionantes que afetam a todos os moradores da região, como a lentidão nos investimentos na infraestrutura da cidade, nos serviços de saúde e educação e saneamento básico, os manifestantes, segundo o CIMI, preocupam-se com a demora na implantação do Plano Básico Ambiental (PAB). Esse plano deveria estabelecer e efetivar os programas de compensação e mitigação dos impactos que já foram sentidos na região pelos indígenas.

Segundo o CIMI, a ocupação é por tempo indeterminado. Durante esta semana devem chegar os representantes de todas as terras Indígenas (TI) na a região, vindos dos rios Iriri e do Xingu, a montante de Altamira.

Os manifestantes são principalmente das terras indígenas Trincheira-Bacajá e Paquiçamba, que ficam a jusante da barragem, na região que sofrerá com a seca, em área chamada pelo empreendimento de Vazão Reduzida do Xingu.

Em nota, o CCBM disse que até o momento não recebeu nenhuma reivindicação dos indígenas. Visando a preservação da segurança de seus funcionários, o CCBM decidiu cancelar as atividades de produção previstas para o turno da noite do sábado.

Justiça

A Usina de Belo Monte está sendo construída no rio Xingu, em Altamira, e deve custar aos cofres públicos R$ 19 bilhões. Desde que começou ser discutida nos anos 1980, a usina recebe críticas de ambientalistas nacionais e internacionais. Na Justiça existem, desde 2008, oito processos propostos pela Procuradoria a República no Pará contra a construção de Belo Monte, sem sentença definitiva.

As ações reclamam de violações a direitos indígenas, desobediência a leis ambientais e descumprimento de condições para reduzir ou compensar impactos da obra, a maior em andamento no país.