18 Abril 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 10, 11-18 que corresponde ao Domingo 4º da Páscoa, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O símbolo de Jesus como Bom Pastor produz hoje, em alguns cristãos, certo aborrecimento. Não queremos ser tratados como ovelhas de um rebanho. Não necessitamos de ninguém que governe e controle nossa vida. Queremos ser respeitados. Não necessitamos de nenhum pastor.
Não sentiam assim os primeiros cristãos. A figura de Jesus Bom Pastor converteu-se muito rapidamente na imagem mais querida de Jesus. Já nas catacumbas de Roma, ele é representado carregando sobre os seus ombros a ovelha perdida. Ninguém pensa em Jesus como um pastor autoritário dedicado a vigiar e controlar os seus seguidores, mas como um bom pastor que cuida delas.
O “Bom Pastor” preocupa-se com as suas ovelhas. É o seu primeiro traço. Nunca as abandona. Não as esquece. Vive pendente delas. Está sempre atento às mais débeis ou doentes. Não é como o pastor mercenário que, quando vê algum perigo, foge para salvar a sua vida abandonando o rebanho. Não quer saber das ovelhas.
Jesus tinha deixado uma recordação inesquecível. Os relatos evangélicos descrevem-no bem, preocupado com os doentes, os marginalizados, os pequenos, os mais indefesos e esquecidos, os mais perdidos. Não parece preocupar-se por si mesmo. Sempre se vê pensando nos outros. Preocupam-no sobretudo os mais desvalidos.
Mas há algo mais. “O Bom Pastor dá a vida pelas Suas ovelhas”. É o segundo traço. Até cinco vezes repete o evangelho de João esta linguagem. O amor de Jesus às pessoas não tem limites. Ama os outros mais do que a si mesmo. Ama a todos com amor de Bom Pastor que não foge perante o perigo, mas que dá a sua vida para salvar o rebanho.
Por isso a imagem de Jesus, Bom Pastor, converteu-se rapidamente numa mensagem de consolo e confiança para seus seguidores. Os cristãos aprenderam a dirigir-se a Jesus com palavras recolhidas do salmo 22: “O Senhor é o meu Pastor, nada me falta... mesmo que caminhe por vales profundos, nada temo, porque Tu vais comigo... A Tua bondade e a Tua misericórdia acompanham-me todos os dias da minha vida”.
Nós, cristãos, vivemos com frequência uma relação bastante pobre com Jesus. Necessitamos conhecer uma experiência mais viva e profunda. Não acreditamos que ele cuida de nós. Esquecemo-nos que podemos acudir a ele quando nos sentimos cansados e sem forças ou perdidos e desorientados.
Uma igreja formada por cristãos que se relacionam com um Jesus mal conhecido, apresentado apenas de forma doutrinal, um Jesus longínquo cuja voz não se escuta bem nas comunidades..., corre o risco de esquecer o seu Pastor. Mas quem cuidará da Igreja se não for o seu Pastor?
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O amor de Jesus às pessoas não tem limites - Instituto Humanitas Unisinos - IHU