20 Fevereiro 2012
Empossado em dezembro, o primeiro-ministro da Espanha, o conservador Mariano Rajoy, enfrentou ontem os primeiros protestos públicos contra seu governo. Mais de 400 mil espanhóis, segundo estimativas dos sindicatos, teriam se reunido em diversas manifestações realizadas pelo país contra a reforma e a liberalização do mercado de trabalho e contra novas medidas de austeridade adotadas em Madri.
A informação é do jornal O Estado de S. Paulo, 20-02-2012.
As manifestações foram organizadas por duas centrais sindicais, as Comissões Operárias (CCOO) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) em Madri e outras 56 cidades do interior. Na capital, os protestos se concentraram em grandes avenidas no entorno da Estação de Atocha e da praça Porta do Sol, dois dos mais importantes pontos turísticos do centro.
Um dos focos de insatisfação dos espanhóis é o novo pacote de corte de gastos e de aumento de impostos, da ordem de € 15 bilhões. As medidas de rigor fazem parte de um total de € 40 bilhões que o governo busca economizar com o objetivo de cumprir as metas de redução do déficit fiscal acertadas com as autoridades da União Europeia.
Mas o principal objetivo de descontentamento é a reforma do mercado de trabalho. Na última sexta-feira, o Conselho de Ministros, presidido por Rajoy, aprovou a primeira parte da reforma, com medidas para a redução do custo de uma demissão. Em lugar de 45 dias de indenização geral, as empresas terão de pagar o equivalente a 33 dias de trabalho por ano que o trabalhar passou na companhia. Se o empregador comprovar que passa por dificuldades no balanço do trimestre, sem apresentar lucro, a indenização poderá ser reduzida a 20 dias. Em qualquer hipótese, o ressarcimento não ultrapassará 24 meses. Também a lista de demissões consideradas como justa causa será aumentada.
As medidas adotadas pelo governo Rajoy visam a enfrentar o desemprego na Espanha, a quarta maior potência da zona do euro, cuja economia sofre com um desemprego recorde de 22,85%. Entre jovens, a taxa chega a 48%. Para o ministro da Economia, Luis de Guindos, as medidas são extremamente agressivas para flexibilizar o mercado de trabalho. Ontem, Rajoy defendeu a reforma. Segundo ele, as mudanças na lei do trabalho corrigem injustiças. "O governo do Partido Popular implantou em sete semanas mais reformas que os socialistas em sete anos", afirmou.
Além dos protestos em Madri, mobilizações contra pacotes de austeridade foram organizadas em várias capitais europeias. Em Paris, uma reunião aconteceu próximo à Torre Eiffel.
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Mais de 400 mil espanhóis vão às ruas contra reforma trabalhista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU