Por: André | 12 Dezembro 2013
Uma “revolução copernicana” para os seminários católicos do mundo. Imprimir o estilo próximo do Papa Francisco aos futuros sacerdotes. É isto o que motiva Jorge Carlos Patrón Wong, que acaba de assumir as rédeas da Secretaria para os Seminários, recém criada e subordinada à Congregação para o Clero da Santa Sé. Em entrevista ao Vatican Insider, o arcebispo mexicano explicou os detalhes da sua missão.
Fonte: http://bit.ly/19w7fBX |
A entrevista é de Andrés Beltramo Alvarez e publicada no sítio Vatican Insider, 11-12-2013. A tradução é de André Langer.
Eis a entrevista.
O seu trabalho como secretário dos seminários começou apenas no dia 28 de novembro. Muito trabalho?
É uma tarefa apaixonante, verdadeiramente universal e que toca o coração da renovação da Igreja no mundo. Sobretudo porque é construtiva; o que se está construindo é uma resposta da Igreja para as novas gerações. O seminário toca todas as realidades, porque a presença dos sacerdotes católicos deve tocar todas as realidades humanas. É apaixonante porque não há tema atual que, de maneira direta ou indireta, não tenha a ver com a formação dos futuros sacerdotes.
Nesta questão a Igreja enfrenta desafios como a falta de credibilidade pelos abusos ou a falta de vocações. Como enfrentar estes desafios urgentes?
Qualquer crise provoca uma análise e uma resposta novas. A situação atual, que é desafiadora, permite à Igreja fazer uma análise, uma reflexão e um discernimento mais evangélico para dar uma resposta. Todas as questões críticas que houve estão produzindo novidades, mas não uma novidade que signifique uma invenção, mas que toca as origens da missão e a vocação da Igreja. Hoje, qualquer formação cristã e, sobretudo, se é sacerdotal, deve tocar o coração de Deus e o coração do homem.
Por que o Papa o escolheu para este posto?
Esta não é uma distinção para uma pessoa, mas a contribuição de uma Igreja, a latino-americana, à Igreja universal. Deve-se reconhecer que no México e na América Latina a vivência vocacional cristã tem características de muita vitalidade e experiência. Somos uma Igreja de 500 anos de desenvolvimento: nem acaba de nascer, nem está envelhecida; está madura para dar frutos. O que o Papa João Paulo II considerou como o Continente da esperança futura, agora é uma esperança presente. A América Latina está em seu momento, se hoje fizéssemos uma análise chegaríamos à conclusão de que não existe espaço maior onde a nossa região possa dar uma contribuição para o mundo e à humanidade do que a Igreja.
Você veio com os “ventos de mudanças” trazidos por Francisco. Isso pesa?
Há uma corrente de renovação que vem de dentro e de fora; podemos encontrar na Igreja de todo o mundo um desejo das pessoas, dos jovens, de sacerdotes, bispos e até do Papa. Já Bento XVI, junto com a verdade sobre uma série de crises, fez surgir a verdade de um desejo de renovação. Existe uma união e uma sinergia, nos sentimos uma parte pequena de um movimento muito maior que abarca todos os campos da Igreja.
Identifica-se com o estilo do Papa?
Sim, existe uma identificação. Quando vejo e leio o Papa Francisco encontro aquilo que aprendi no seminário e que o povo de Deus me ensinou como sacerdote. Os fatos e as situações podem mudar, mas a relação entre Deus, a pessoa e o povo não muda. Muitíssimos sacerdotes, seminaristas e bispos estão na mesma sintonia. Nós, como pessoas, aprendemos de Deus e do nosso povo, estando aí no centro.
A ideia é imprimir este estilo nos seminários?
A ideia resume-se numa frase: perto de Deus e perto das pessoas. Proximidade. Essa dupla proximidade faz com que um sacerdote ofereça uma contribuição nova para o mundo. Porque um homem próximo de Deus e próximo das pessoas é uma revolução. A partir daí temos que entusiasmar os jovens seminaristas e os formadores, para que nos seminários haja uma “revolução copernicana”, espiritual, humana, que é profunda, mas que está ao nosso alcance. Isso vai dar muita autenticidade à pessoa e à vocação.
Tudo aquilo que não é autêntico do sacerdócio, que produz escândalo surge porque nos afastamos de Deus, das pessoas ou de ambos. Então, já não há nada a dizer. O sacerdócio atual tem muito a dizer. O Papa usa uma linguagem compreensível para todos, é uma novidade que devemos imprimir nos seminários. Os futuros sacerdotes católicos devem estar no mundo, para que debatam com a diversidade religiosa e de visões culturais. A identidade deve estar marcada por uma clareza diáfana, transparente, simples e ao mesmo tempo profunda. Essa é a parte fascinante de formar sacerdotes hoje.
A isto dedicará, então, suas forças?
Tudo o que vamos promover a partir desta secretaria de seminários é para construir, para fazer crescer, para inspirar, para alentar, é uma matriz de esperança. O mundo, de múltiplas maneiras, diariamente nos quer afastar de Deus e das pessoas. Se alguém não tem isso claro, não vai ter consciência de que deve todos os dias fazer o esforço de aproximar-se de Deus e dos homens. Os seminários devem ser espaços de esperança, de fé, de confiança e de amor. Devem oferecer homens de Deus para o mundo. Dali não deveria sair nada de negativo, tudo positivo. Mas positivo não quer dizer perfeito, podemos ter imperfeições humanas, mas as atitudes, os desejos, o movimento é para sermos melhores.
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A “revolução copernicana” do Papa para os seminários - Instituto Humanitas Unisinos - IHU