Por: Jonas | 31 Outubro 2013
Nas últimas semanas, tem havido rumores sobre o destino dos dois bispos de Alepo, sequestrados na Síria, o greco-ortodoxo Boulos Yazigi e o sírio-ortodoxo Youhanna Ibrahim (foto). O último que falou a respeito foi o líder dos serviços de inteligência libanesa, o general Abbas Ibrahim, que segundo o mencionado pela emissora de televisão LBC, teria dito que não apenas estão vivos, mas que, inclusive, está em curso uma negociação para obterem a liberdade.
Fonte: http://goo.gl/zhVM2D |
A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada no sítio Vatican Insider, 30-11-2013. A tradução é do Cepat.
Esta declaração seguramente surgiu como resposta ao mal-estar que se difundiu entre os cristãos libaneses, que esperavam ver em liberdade os dois religiosos entre os nove peregrinos xiitas que foram liberados, há poucos dias, e que haviam desaparecido na Síria em maio de 2012. Foi justamente o general Ibrahim o que, em companhia do ministro do Exterior do Qatar, negociou a libertação destes prisioneiros em troca da liberdade de dois pilotos turcos que tinham sido sequestrados por milícias xiitas no Líbano.
O que levou a se relacionar o caso dos peregrinos libaneses com o dos dois bispos de Alepo foi o depoimento de algumas pessoas que falaram sobre a presença dos dois grupos de reféns na zona de Aazaz, uma cidade ao norte de Alepo que fica a poucos quilômetros da fronteira turca. Porém, após a libertação dos peregrinos xiitas, os serviços de segurança libanesa apontaram, ao jornal “L’Orient le Jour”, que os grupos de reféns não tinham nenhuma conexão entre si e que não deveria se esperar uma imediata libertação dos bispos sírios.
Antes das declarações de ontem, do general Ibrahim, escutou-se atentamente a do grão-mufti da Síria, Ahmad Badreddin Hassoun, que, de acordo com o que apontou uma ativista ortodoxa russa, teria dito que os dois bispos estão vivos e se encontram na Turquia. Teria apontado, além disso, que por trás de seu sequestro, estariam “militantes chechenos e os serviços turcos, vinculados a eles”.
São afirmações que devem ser tomadas com cautela e interpretadas à luz do delicado jogo das alianças no conflito sírio, sobretudo na fase atual em que cada grupo procura atribuir aos demais grupos as responsabilidades de um eventual fracasso das mesas de negociação que a comunidade internacional está preparando para novembro, o chamado encontro Genebra II. Há poucos dias, o patriarcado greco-ortodoxo declarou que não tinha nenhuma informação verdadeiramente confiável sobre o destino dos dois bispos.
A única coisa certa é que depois de tanto silêncio, a história dos dois bispos sírios está assumindo o peso de um caso político internacional. Há poucos dias, o patriarca maronita Béchara Rai viajou ao Qatar e pediu ao potente emir Khalita al Thani que fizesse o possível para obter a libertação dos dois bispos. E não recebeu uma resposta negativa. Enquanto isso, a Rússia não oculta sua ambição de se tornar a defensora dos cristãos do Oriente, razão pela qual a história dos dois bispos representa uma prova importante nesse sentido.
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Síria. Rumores sobre o sequestro dos bispos com tom político - Instituto Humanitas Unisinos - IHU