Hans Küng e a eutanásia: teólogo suíço pode escolher o suicídio assistido

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

10 Outubro 2013

Hans Küng, um dos mais famosos teólogos católicos contemporâneos – conhecido principalmente pelas ideias progressistas e de ruptura com relação à tradição – poderia escolher o caminho do suicídio assistido. O estudioso suíço, nascido em 1928, sofre há muito tempo do mal de Parkinson e, no seu último livro de memórias, Erlebte Menschlichkeit (em tradução livre: Humanidade vivida. Memórias), expressa a sua opinião favorável à autodeterminação sobre o fim da vida.

A reportagem é de Gregorio Romeo, publicada no sítio HuffingtonPost.it, 08-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Ninguém deveria ser obrigado a tolerar sofrimentos insuportáveis como se fossem enviados por Deus", escreve o professor emérito de teologia de Tübingen. "Cada um tem o direito de decidir por si mesmo, e nenhum padre, médico ou juiz pode impedi-lo".

Para Küng, portanto, a eutanásia não seria uma forma de homicídio, mas sim uma "restituição da vida nas mãos do Criador", uma escolha compatível com a fé em Deus e a vida eterna prometida por Jesus.

Uma posição que, no entanto, se choca com a clara contrariedade ao suicídio assistido da doutrina vaticana. Küng sempre teve posições progressistas. Em 1979, depois de ter posto em dúvida a doutrina da infalibilidade papal, o Vaticano revogou a sua licença de ensino. Mas ele, convencido das suas teses, ignorou toda pressão para se retratar.

Conforme relatado pela agência de imprensa Reuters, além disso, no seu livro Küng cita a batalha travada contra o mal de Parkinson de outras personagens públicas como Muhammad Ali e João Paulo II. Modelos que Küng, no entanto, não tem a intenção de imitar.

"Eu não quero me tornar a sombra de mim mesmo. (...) Quanto tempo ainda vou poder viver a minha vida com dignidade?", pergunta-se o teólogo, explicando como, por causa do avanço da idade e da doença, as suas capacidades de continuar escrevendo e estudando estão se comprometendo rapidamente.

"As palavras de Küng não me surpreendem. Elas devem ser respeitadas e derivam de um longo trabalho público de análise e de reflexão", é o comentário do teólogo Vito Mancuso, professor da Universidade de Pádua. "O Vaticano, por sua parte, deve reconhecer que não se pode impor uma norma absoluta sobre temas delicados como a dignidade de quem se aproxima do fim da vida".

Como relata a Reuters, no entanto, a reação da hierarquia não se fez esperar: "O senhor Küng fala por si mesmo, não em nome da Igreja", explicou Uwe Renz, porta-voz da diocese de Rottemburg-Stuttgart.

"Em certo sentido, o ponto de vista da diocese está correto", observa Vito Mancuso. "Cada um deve falar por si mesmo. De fato, repito, a ideia de que sobre esses temas pode existir uma moral eclesiástica universal não é realmente funcional, nem tolerável".