Por: Cesar Sanson | 15 Abril 2013
Pela primeira vez, pesquisadores mostram a sensibilidade da cobertura de gelo na Península Antártica ao aumento da temperatura durante o século XX.
A reportagem é de Fernanda B. Müller e publicada pelo Instituto CarbonoBrasil, 15-04-2013.
Ao longo dos últimos 50 anos, o aquecimento da Península Antártica tem resultado na aceleração da perda da massa de gelo e na retração e colapso de geleiras, indicam pesquisas recentes realizadas por especialistas da Universidade Nacional Australiana e do Grupo Britânico de Pesquisas Antárticas (British Antarctic Survey - BAS).
A principal causa é o derretimento desencadeado no verão, apontam.
“O derretimento do verão é um processo elementar que pensamos ser a causa do enfraquecimento das geleiras ao longo da Península Antártica, levando a uma sucessão de colapsos dramáticos, assim como a aceleração da perda de gelo ao longo da região nos últimos 50 anos”, explicou Robert Mulvaney, pesquisador do BAS que liderou a expedição de perfuração dos blocos de gelo.
Os pesquisadores reconstruiram as mudanças na intensidade do derretimento e na temperatura média no norte da Península Antártica desde o ano 1000 D.C., baseados na identificação de camadas visíveis de degelo e estimativas locais de temperatura a partir do conteúdo de deutério presente no gelo na Ilha James Ross.
Durante o último milênio, as condições mais frias, cerca de 1,6º C abaixo da média entre 1981 e 2000, e as menores taxas de derretimento foram registradas entre 1410 e 1460 D.C. Então, desde o final do século XV, a intensidade de derretimento cresceu progressivamente quase dez vezes, de 0,5% para 4,9%. Porém, os cientistas notaram que esse fato não é registrado de forma linear, e ocorreu principalmente desde meados do século XX.
“O derretimento do verão agora está em um nível sem precedentes nos últimos mil anos. Concluímos que o gelo na Península Antártica agora está especialmente suscetível a subidas rápidas [no nível] de derretimento e de perda em resposta a aumentos relativamente pequenos na temperatura média”, colocam os pesquisadores no artigo publicado na edição de domingo do periódico Nature Geoscience.
“Isso significa que a Península Antártica aqueceu em um nível onde até mesmo pequenas elevações na temperatura podem levar a um grande aumento no degelo durante o verão”, alertou Nerilie Abram, principal autor do estudo.
Em outras partes da Antártica, como no oeste do continente, o quadro é mais complexo e ainda não está claro que os níveis recentes de derretimento sejam excepcionais ou causados por mudanças climáticas antrópicas.
A pesquisa contribui com novas informações nos esforços internacionais para compreender as causas das mudanças ambientais na Antártica e para se realizar projeções mais precisas sobre a contribuição direta e indireta do continente sobre um aumento global no nível do mar. Segundo o BAS, esta é a primeira vez que um estudo demonstra a sensibilidade da cobertura de gelo na região ao aumento da temperatura durante o século XX.
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Cientistas registram derretimento acelerado na Antártica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU