04 Abril 2013
Os bispos alemães decidiram falar dos movimentos pentecostais e do desafio que eles trazem para a Igreja Católica. E o fazem até mesmo em Roma, em um congresso internacional que será realizado entre os dias 9 e 11 de abril, e que é organizado pela Comissão para os Assuntos Internacionais da Conferência Episcopal e pelo grupo de pesquisa liderado pelo jesuíta Johannes Müller, o qual estuda justamente o pentecostalismo.
A reportagem é de Fabrizio Mastrofini, publicada no sítio Vatican Insider, 03-04-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Desde os anos 1990, a Conferência Episcopal Alemã está analisando os chamados "novos movimentos religiosos", que à época era o termo com o qual se definia a "Nova Era", analisada também por um documento especial de 2003.
Muito rapidamente, a análise alemã se ampliou para o conjunto dos fenômenos relacionados com o mundo cristão e, em particular, ao crescimento exponencial do pentecostalismo. Um movimento "que representa para a Igreja Católica um desafio que compromete, especialmente no que diz respeito às estruturas eclesiais".
Isso porque o pentecostalismo cristão difere do catolicismo com relação ao culto de Nossa Senhora e, especialmente, à estrutura hierárquica da Igreja, além da rejeição da abordagem intelectual e teológica para dar destaque à relação direta com Deus. Os movimentos carismáticos também pregam um cristianismo individual, desconectado do compromisso social que, ao invés, é uma característica da Igreja e trabalham em uma interpretação literal das Escrituras, sem contextualização. E levam embora milhões de fiéis.
No congresso romano, o grupo de trabalho da Conferência Episcopal Alemã apresenta os resultados dos estudos realizados sobre quatro situações típicas que foram identificadas em diversos contextos culturais e geográficos: Costa Rica, Filipinas, África do Sul e Hungria. Para a Europa, o caso húngaro é típico, porque, depois da queda do comunismo, os anos 1990 viram a Igreja Católica no centro das atenções: era uma instituição perseguida, e, portanto, confiável, e a sociedade civil acreditava que ela era capaz de se erguer como guia da renovação e da construção de um novo equilíbrio social.
As expectativas, talvez superiores às efetivas possibilidades da Igreja, uma vez não correspondidas, provocaram uma ampla desilusão e a saída de fiéis, o crescimento do relativismo, o desenvolvimento do mundo protestante e do pentecostalismo, em particular.
No entanto, o desafio é mundial, já que, dos dois bilhões de cristãos, 500 milhões já pertencem ao movimento pentecostal e, segundo as estimativas do World Christian Database, serão 1 bilhão em 2025. Por isso, no congresso romano, irá participar, dentre outros, o cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, juntamente com outros expoentes e especialistas da Santa Sé.
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Pentecostalismo e novos movimentos: um desafio para a Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU