10 Março 2013
Será que existem tantos candidatos qualificados que os cardeais estão tendo dificuldades para escolher?
A opinião é do jesuíta norte-americano Thomas J. Reese, ex-editor-chefe da revista America, dos jesuítas dos EUA. O artigo foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 09-03-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Como tem sido bem relatado por Joshua McElwee e por John Allen, atualmente não há nenhum favorito na eleição papal. Isso pode mudar facilmente nos próximos dias antes que o conclave comece, mas é surpreendente, já que se passaram quase três semanas desde que o Papa Emérito Bento XVI anunciou a sua renúncia. Poderíamos pensar que ao menos alguns favoritos poderiam ter vindo à tona até agora.
Antes do último conclave, todos reconheciam que Ratzinger era o favorito no dia em que o conclave começou. O mesmo era verdade para Paulo VI e Pio XII. E, embora a eleição de João Paulo II tenha sido uma surpresa, mesmo assim havia favoritos antes do conclave: os cardeais Giovanni Benelli e Giuseppe Siri. Quando chegaram a um impasse, o conclave procurou por alguém de fora da Itália.
Por que nenhum favorito? Aqui estão quatro hipóteses.
1. Os cardeais precisam de mais tempo para se conhecerem. Lembremo-nos, 24 dos cardeais foram nomeados no ano passado. Isso é um quinto dos eleitores. Enquanto os cardeais da Cúria e os cardeais mais antigos podem conhecer a maioria dos cardeais, os cardeais mais novos ainda estão combinando os rostos com as biografias. Os cardeais de fora de Roma também sabem pouco uns sobre os outros. Esse foi o argumento daqueles não queriam apressar o conclave. Por que a pressa? Essa é a coisa mais importante que os cardeais jamais terão feito em suas vidas.
2. A Cúria Romana está tão dividida que não é capaz de organizar uma campanha de sucesso como fez no último conclave para o cardeal Ratzinger. Da mesma forma, os italianos estão divididos. Quando se trata de política eclesial, eles são os atores mais importantes, enquanto os cardeais de fora de Roma são de ligas menores. Até agora, os de fora não tem nem sequer alguém para se organizarem contra. Mas o Vatileaks revelou e exacerbou as divisões dentro da Cúria. Uma facção é leal ao cardeal Tarcisio Bertone, e a outra facção pensa que ele é o pior secretário de Estado da história. Elas não podem trabalhar juntas. Mesmo a facção anti-Bertone não está de acordo, exceto em sua oposição a ele.
3. O Colégio dos Cardeais está repleto de estudantes de segunda categoria. Essa explicação defende que não há membros extraordinários que sejam tão bons a ponto de chamar a atenção de todo mundo. Mesmo os cardeais reconhecem isso e, portanto, estão tendo dificuldades para se decidirem. Não há nenhum Martini, nem Ratzinger, nem Pacelli, nem Montini, nem Benelli nessa multidão. Ao escolherem bispos e cardeais, os papas João Paulo II e Bento XVI enfatizaram tanto a lealdade que estão faltando os talentos necessários para um papa. Por outro lado, é duvidoso que Christoph Schönborn ou Gianfranco Ravasi alguma vez tenham recebido um conceito"B" em suas vidas. Mas a experiência acadêmica é suficiente neste momento?
4. Ou pode ser que existam tantos candidatos qualificados que os cardeais estão tendo dificuldades para escolher. Confira a lista de John Allen.
Há apenas hipóteses. Alguma delas é verdadeira? Ou há alguma outra razão para a falta de favoritos? Apenas os cardeais sabem, e eles não estão falando.
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Por que não há nenhum favorito na eleição papal. Artigo de Thomas J. Reese - Instituto Humanitas Unisinos - IHU