07 Março 2013
Nenhum briefing paralelo nessa quarta-feira às 14h30 na grande sala "azul" do Colégio Norte-Americano que, da colina do Gianicolo, domina a Cidade do Vaticano. É o quartel general dos 14 purpurados "eleitores" norte-americanos que participarão do conclave. Nessa quarta-feira, quem deveria se encontrar com os jornalistas era o cardeal Timothy Dolan, presidente dos bispos norte-americanos e arcebispo de Nova York. Mas foi emitida a ordem de silêncio para a determinada e compacta equipe norte-americana.
A reportagem é de Roberto Monteforte, publicada no jornal L'Unità, 07-03-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Depois dos dois encontros organizados pela eficientíssima Ir. Mary Anne Walsh, porta-voz da Conferência Episcopal dos EUA, desencadeou-se o silêncio de imprensa. A razão é ela mesma quem explica em um comunicado de imprensa. "Na Congregação geral foi expressa a preocupação pela ruptura da confidencialidade e pelo vazamento de notícias confidenciais que apareceram nos jornais italianos". Então, como precaução – acrescenta – "os cardeais concordaram em não dar entrevistas".
Embora mantendo o firme compromisso com a transparência na relação com os meios de comunicação, os cardeais norte-americanos ajustam o alvo.
Entre os nomes de destaque, possíveis candidatos ao pontificado, como o próprio Dolan ou o arcebispo de Boston, o capuchinho O'Malley. No segundo lugar em número de "eleitores", perdendo apenas para os italianos, os cardeais norte-americanos pareceram imediatamente muito compactos e determinados a fazer valer o seu ponto de vista, a partir da batalha pela transparência. E isso também pareceu ser uma crítica implícita aos mecanismos da Cúria.
Uma anomalia, evidentemente, a ser corrigida. "Como Sala de Imprensa da Santa Sé – comentou o diretor, padre Lombardi – sistematizamos os nossos briefings de modo sintético para respeitar um clima de notável discrição, que é a garantia de liberdade de pesquisa por parte dos cardeais, e isso de acordo com o Colégio e o decano, Angelo Sodano".
Lombardi insiste na "corresponsabilidade de todos os cardeais" na condução desta fase delicada para a vida da Igreja. Ele explica que as "Congregações gerais" não são um congresso de estudos ou um sínodo a ser relatado e que, com a continuação dos trabalhos até o conclave, o "segredo" se tornará cada vez mais rigoroso.
"Não sou eu que tenho que dar indicações aos cardeais sobre o modo como eles devem se comportar. É a tarefa do Colégio em que todos são corresponsáveis juntos, mas – observou – não há um briefing dos cardeais italianos ou dos alemães. Isso porque os cardeais são todos corresponsáveis pelo caminho em curso, e cada um deles saberá bem balancear a exigência da discrição com as outras".
Porém, segundo o cardeal de Lyon, Philippe Barbarin, nesta fase ainda não se teria chegado "ao sigilo absoluto do conclave". "Temos o direito de falar somente dos temas evocados, não das pessoas e do conteúdo preciso das suas intervenções", pontualizou.
Na quarta Congregação geral realizada nessa quarta-feira, foram realizadas 18 intervenções. "Chegamos a um total de 51 cardeais que intervieram", indicou Lombardi, que mencionou os principais temas abordados: "A Igreja no mundo de hoje, as exigências da nova evangelização; a Santa Sé, os dicastérios, a relação com os episcopados". Ele também acrescentou que "se começou a refletir sobre as expectativas e sobre o perfil do futuro pontífice ligado às esperanças para o bom governo da Igreja". É o sinal de que a discussão está ficando mais focada. Mas nem mesmo nessa quarta-feira foi decidida a data do conclave.
"Está se prosseguindo em um caminho de reflexão", explicou Lombardi. "Percebe-se a vontade de uma preparação adequada séria, aprofundada, não apressada. Nessa situação – concluiu – ainda não pareceu oportuna uma indicação sobre a data do conclave. Seria uma forçação com relação à dinâmica e à reflexão do Colégio Cardinalício".
Talvez, para tomar essa decisão, se espere que cheguem a Roma todos os "eleitores". Com o arcebispo de Varsóvia, Nycze, que chegou nessa quarta-feira, falta apenas o vietnamita Pham Minh-Man, embora o arcebispo de Chicago, Francis George, esclareceu que "não é um problema de regras: mesmo que todos os cardeais eleitores já estivessem em Roma, eu não entraria em conclave agora. Porque ainda não estamos prontos".
Pode ser um efeito da confusão determinada pelo escândalo do Vatileaks, pode ser que os conflitos internos relacionados com a gestão do IOR, que concluiu com a "demissão" do presidente Ettore Gotti Tedeschi, mas parece justamente que os purpurados queiram se ver claramente na gestão da Cúria.
É precisamente em nome da transparência e da credibilidade da Santa Sé que a revista Famiglia Cristiana volta a "chutar o balde" e, dando voz ao que muitos fiéis e talvez também alguns cardeais pensam, pede que se "feche o IOR" e se confiem os recursos vaticanos a alguns "banco éticos".
Em um dossiê intitulado "Os desafios para o novo papa", entre as muitas emergências, o artigo do historiador Giorgio Campanini põe a da "libertação do pontificado de todo vínculo (e ainda mais de todo compromisso) com as finanças". "Existem hoje – escreve Campanini – na Itália e em inúmeros países, os bancos éticos, nos quais o crédito é concedido com critérios de grande severidade e finalizado sobretudo a projetos de desenvolvimento, com a total exclusão de finalidades especulativas. Por que não delegar a eles, ou a instrumentos similares, o que tem a ver com as finanças?".
A provocação foi lançada.
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"Que a Igreja feche o Banco do Vaticano e se confie aos bancos éticos'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU