Estudo vincula exposição intrauterina a poluição emitida por automóveis a problemas respiratórios na infância

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27 Outubro 2014

Mulheres expostas a altos níveis de poluição emitida por automóveis no segundo trimestre de gravidez correm um risco maior de dar à luz uma criança com problemas pulmonares, alertaram cientistas em um novo estudo [Intrauterine and early postnatal exposure to outdoor air pollution and lung function at preschool age].

A reportagem é de Richard Ingham, publicada pela AFP, com informações adicionais de EcoDebate, 24-10-2014.

Em uma pesquisa de longo prazo, cientistas de Barcelona recrutaram 1.295 mulheres grávidas, que fizeram acompanhamento em clínicas de pré-natal em Sabadell, na Catalunha, e em Gipuzkoa, no País Basco (noroeste do país).

Eles mediram dois poluentes produzidos por automóveis – o benzeno e o óxido nitroso – em áreas residenciais das mulheres em épocas diferentes de sua gestação.

Os pesquisadores usaram esses dados para criar um modelo da exposição feminina e também para seus filhos durante o primeiro ano de vida.

O modelo levou em conta diferenças geográficas, climáticas, de densidade populacional e a época do ano.

Aos quatro anos e meio de idade, as crianças tiveram sua capacidade pulmonar verificada, inflando um dispositivo chamado espirômetro.

Seiscentas e vinte crianças em idade pré-escolar foram examinadas, e muitas outras não conseguiram soprar adequadamente o dispositivo.

Segundo o estudo, os filhos de mulheres expostas a níveis mais elevados de benzeno durante o quarto ao sexto mês de gravidez mostraram ser 22% mais propensas a ter a função pulmonar debilitada do que aqueles de áreas menos poluídas.

No caso do óxido nitroso, o risco foi 30% maior.

O vínculo foi mais acentuado em crianças alérgicas, ou naquelas de classes sociais menos favorecidas.

A pesquisa revelou, contudo, que os níveis de exposição à poluição do tráfego no primeiro ano de vida não fez diferença no vigor pulmonar.

Os resultados “sugerem que a exposição aos poluentes do ar relacionados com o tráfego durante o período pré-natal poderia impactar de forma negativa o pulmão em desenvolvimento”, destacaram os autores em artigo publicado no periódico “Thorax”.

Assim, reduzir a poluição do tráfego resultaria em “benefícios substanciais para a saúde”, acrescentaram.

A equipe de pesquisas, chefiada por Eva Morales, do Centro de Pesquisas de Barcelona sobre Epidemiologia Ambiental (CREAL), acredita ter sido a primeira a dar uma visão de longo prazo sobre como a poluição do ar durante a gravidez afeta os pulmões de uma criança.

O estudo levou em conta se um dos pais ou ambos fumaram antes ou durante a gestação. Não se considerou, entretanto, se as mães foram expostas a gás, poeira ou fumaça no trabalho durante a gravidez, nem se mediu a exposição a particulados, outro conhecido poluente produzido pelos automóveis.

Referência:

Intrauterine and early postnatal exposure to outdoor air pollution and lung function at preschool age
Eva Morales, Raquel Garcia-Esteban, Oscar Asensio de la Cruz, Mikel Basterrechea, Aitana Lertxundi, Maria D Martinez López de Dicastillo, Carlos Zabaleta, Jordi Sunyer
Thorax thoraxjnl-2014-205413
Published Online First: 20 October 2014
doi:10.1136/thoraxjnl-2014-205413
http://thorax.bmj.com/content/early/2014/09/05/thoraxjnl-2014-205413.full.pdf+html