Por: Jonas | 23 Outubro 2014
Frustração e indignação marcaram o tom de uma reunião a portas fechadas entre os familiares dos 43 estudantes normalistas desaparecidos em Iguala, Guerrero, com o secretário de Governo, Miguel Angel Osorio Chong, e o procurador geral da República, Jesús Murillo Karam. A falta de informação sobre o paradeiro de seus filhos e netos os encheu de insatisfação. Disseram em uma improvisada coletiva de imprensa, ao término de um encontro no meio da tarde com os funcionários federais, no hangar privado da PGR, no aeroporto de Acapulco, fortemente protegido.
Fonte: http://goo.gl/Aqnpk0 |
A reportagem é de Gerardo Albarrán de Alba, publicada por Página/12, 22-10-2014. A tradução é do Cepat.
“Não há confiança neles, no entanto, trata-se do Estado mexicano e temos que apostar e fazer a exigência para que a busca seja efetiva, assim como a investigação e que os responsáveis sejam punidos”, disse Vidulfo Rosales Sierra, advogado do Centro de Direitos Humanos de La Montaña Tlachinollan, organização que apoia os familiares dos jovens desaparecidos.
Ao mesmo tempo, na capital do país, o sacerdote católico Alejandro Solalinde se apresentava na PGR para apresentar informações obtidas de familiares, testemunhas e de ao menos um sobrevivente da matança realizada no dia 26 de setembro. No entanto, não pôde entregar sua declaração, nem conversou com o procurador Murillo Karam, como foi anunciado ontem, porque o titular da Subprocuradoria Especializada em Investigação de Crime Organizado, Rodrigo Archundia, não estava na sede quando chegou o também diretor do albergue para migrantes Irmãos no Caminho, localizado em Ixtepec, Oaxaca. A conversa entre Solalinde e Murillo foi reagendada.
Solalinde apresentaria os dados que sustentam a versão de que os 43 estudantes da Normal Rural de Ayotzinapa foram assassinados e seus corpos queimados, alguns deles ainda vivos. Inclusive, mencionou um mapa da zona norte de Guerrero, fronteira com o estado do México, onde poderiam estar os corpos, de acordo com o que lhe disseram seus informantes, “ainda que o mais provável seja que estejam nos arredores de Iguala”, disse.
Em Acapulco, durante mais de duas horas e meia, o secretário de Governo e o procurador geral da República expuseram as linhas de investigação para os familiares dos jovens desaparecidos, seus advogados e representantes estudantis da Normal Rural de Ayotzinapa. A PGR estaria se centrando na criminalização governamental que sofrem os estudantes e na delinquência organizada da qual fazia parte o prefeito de Iguala, José Luis Abarca. Aí mesmo, as autoridades teriam reconhecido uma série de erros procedimentais na exumação dos 28 cadáveres, que estavam nas primeiras fossas clandestinas descobertas.
Os representantes de estudantes da Normal de Ayotzinapa insistiram em que a linha de investigação que importa é aquela que leve à localização de seus companheiros e os advogados de Tlachinollan reiteraram que o informado pelo secretário de Governo e pelo procurador geral da República “não nos satisfaz”. Segundo explicaram, “os pais de família têm a segurança de que os garotos estão vivos; não nos deixamos levar pelos meios de informação que anunciam que já foram queimados ou que estão mortos”.
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A indignação e frustração dos familiares dos estudantes desaparecidos no México - Instituto Humanitas Unisinos - IHU