Padres bergoglianos para o relatório sinodal

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13 Outubro 2014

Discute-se tanto na Aula nova do Sínodo que, na noite do dia 10 de outubro, os padres tiveram uma apaixonante troca de opiniões até mesmo sobre Pio X, o papa santo da Pascendi. O objeto de debate, mais uma vez, foi a comunhão aos divorciados em segunda união.

A reportagem é de Matteo Matzuzzi, publicada no jornal Il Foglio, 11-10-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Diante de uma contraposição entre duas inclinações bem organizadas – vale a pena ressaltar que, na hora da discussão livre de quinta-feira, intervieram, um após o outro, os cardeais Erdö, Ouellet, Schönborn, Forte, Vingt-Trois e Rodríguez Maradiaga -, de fato, houve quem lembrasse que Pio X também foi definido como um "revolucionário", quando decidiu admitir as crianças à eucaristia, há mais de cem anos: "Portanto, há exemplos de coragem por parte de um papa para refletir ou introduzir novidades naquilo que pode dizer respeito à práxis de acesso à eucaristia", comentou o padre Lombardi.

Além da posição do prefeito da Signatura Apostólica, o cardeal Raymond Leo Burke, o cardeal George Pell também reiterou a sua contrariedade a qualquer mudança do ensino católico da forma como está configurado hoje.

Quase todos os padres expuseram a sua opinião (quase 260 intervenções no total nestes primeiros dias do Sínodo), com o cardeal Gerhard Ludwig Müller que se disse contrariado pela decisão de não divulgar os textos dos padres: "Os fiéis têm o direito de conhecer a posição dos seus bispos".

O caminho que parece reunir os maiores consensos – em um debate às vezes acalorado, com um padre que definiu a proposta de Kasper como "um remédio pior do que a doença" – é a delineada pelo cardeal canonista Francesco Coccopalmerio e que também é apoiado por Francisco, que nunca interveio no debate até agora: proteção absoluta da doutrina, mas avaliação dos casos individuais, demandada os bispos diocesanos, com os divorciados em segunda união que poderiam ser admitidos ao sacramento depois de um caminho penitencial, cujos contornos já se começam a entrever.

Em mais de uma intervenção, de fato, foram levantadas "formas e atos eclesiais" a serem postos em prática, propondo celebrações comunitárias, como por exemplo um "Jubileu de graça". O arcebispo de Viena, o cardeal Christoph Schönborn, que na Aula novamente contou a sua experiência de filho de divorciados, desejou um caminho penitencial sério para os divorciados em segunda união que pedem a admissão à Comunhão.

Sobre a Humanae vitae, ao invés, falou-se muito pouco, ao menos entre os padres sinodais, com exceção do que foi dito na quarta-feira pelo arcebispo de Paris, o cardeal André Vingt-Trois. Algumas menções en passant e pouco mais. Quem remediou isso foram os auditores leigos, que lembraram na Aula a contribuição decisiva da encíclica de Paulo VI, promulgada em 1969.

Depois, terminada a discussão geral, os padres se dividiram nos círculos menores, onde o debate vai continuar. E será aí que a Relatio Synodi vai ganhar forma. No entanto, se poderá ter uma indicação sobre a orientação predominante na segunda-feira, com a Relatio post disceptationem, cuja elaboração já está avançada.