26 Agosto 2014
A China reagiu com cautela a uma oferta do Papa Francisco para abrir um novo diálogo com Pequim, e alguns funcionários rapidamente avisaram o Vaticano a não "interferir" na religião do país.
A reportagem é de Josephine McKenna, publicada pelo Religion News Service, 24-08-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Em seu voo de regresso de uma visita de cinco dias à Coreia do Sul, Francisco disse que estava pronto para ir para a China - "Com certeza! Amanhã! " - depois de receber uma resposta positiva aos dois telegramas de saudação enviados ao presidente Xi Jinping enquanto ele sobrevoava o espaço aéreo chinês.
"Nós respeitamos o povo chinês", disse Francisco aos jornalistas no voo de regresso na segunda-feira, 18 de agosto. "A Igreja só pede a liberdade para atuar, para fazer o seu trabalho".
Isso ainda é um grande desafio, já que o Vaticano não possui relações diplomáticas com a China desde 1951. A Igreja Católica na China está dividida entre uma Igreja "oficial" conhecida como a Associação Patriótica Católica, que responde perante o Partido Comunista, e uma Igreja clandestina que jura fidelidade a Roma.
A Associação Patriótica Católica estatal foi rápida em responder à insinuação do papa para um maior diálogo, embora com um aviso.
"A China irá sempre salvaguardar a sua soberania e a integridade territorial e nunca permitirá que forças estrangeiras interfiram na religião. O Vaticano deveria respeitar a China com relação aos membros de uma diocese", disse Liu Yuanlong, vice-presidente da associação, ao jornal estatal Global Times, em uma reportagem publicada também em inglês.
O Ministério das Relações Exteriores chinês está descontente com o reconhecimento diplomático do Vaticano por parte de Taiwan, enquanto o Vaticano está descontente com o controle rigoroso de Pequim com relação às instituições religiosas, especialmente no que diz respeito à nomeação de bispos.
Zhuo Xinping, diretor do Instituto de Religiões Mundiais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse a outro jornal estatal, China Daily, que saudava o pedido do papa, dizendo que Francisco tem atuado ativamente na melhoria dos laços do Vaticano com Pequim desde que foi eleito em março de 2013.
Zhuo descreveu o pontífice argentino de 77 anos como "um amigo das economias em desenvolvimento", com "sentimentos especiais" pelas pessoas nesses países devido às suas origens latino-americanas.
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China ao Papa Francisco: Não ''interfira'' na religião do nosso país - Instituto Humanitas Unisinos - IHU