08 Abril 2014
O sacerdote jesuíta holandês Frans van der Lugt foi morto hoje em Homs, na Síria, a tiros. A notícia, dada pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização próxima da oposição, foi confirmado pela Cúria provincial dos jesuítas.
A reportagem é do jornal L'Osservatore Romano, 08-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O padre van der Lugt, único europeu que permaneceu na martirizada cidade síria, foi levado por homens armados da sua residência e, depois de ser espancado, foi friamente assassinado com dois tiros na cabeça. O religioso de 75 anos era muito conhecido em Homs e em toda a Síria, onde vivia há quase 50 anos.
"Morre assim um homem de paz, que, com grande coragem, quis permanecer fiel em uma situação extremamente arriscada e difícil àquele povo sírio ao qual tinha dedicado há muito tempo a sua vida e o seu serviço espiritual", declarou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o jesuíta Federico Lombardi.
"Onde o povo morre, morrem com ele também os seus fiéis pastores", destacou o Pe. Lombardi. "Neste momento de grande dor – acrescentou – expressamos a nossa participação na oração, mas também grande gratidão e orgulho por ter tido um coirmão tão próximo dos mais sofredores no testemunho do amor de Jesus até o fim."
A dor pela morte do religioso também foi expressada pela Conferência Episcopal dos Países Baixos.
Nos frontes de guerra sírios, no fim de semana, não foi registrada qualquer trégua. Fontes do governo e da oposição relatam inúmeras vítimas, também no centro da capital Damasco, onde houve dois mortos e oito feridos por tiros de morteiro dos rebeldes. Em Homs, ao menos 300 rebeldes foram mortos na explosão de um carro-bomba que estavam preparando. No sábado, houve 40 mortes, em grande parte civis, nos vários frontes. Também no sábado, a Unicef, o fundo da ONU para a infância, informou que na semana passada 11 crianças foram mortas.
Enquanto isso, confrontos sangrentos que explodiram nesse domingo em um campo na Jordânia confirmam a condição dramática dos refugiados. Um teatro de desordens que provocaram ao menos um morto e dezenas de feridos, incluindo muitos policiais jordanianos, foi o campo de Zaatari, que abriga cerca de 106 mil refugiados, a segunda mais concentração do mundo depois da de Dabaab, no Quênia.
Diametralmente opostas são as versões do incidente fornecidas pelas autoridades de Amã e pelos refugiados. Segundo o ministro do Interior, Hussein Majali, a violência, que envolveu 5 mil residentes no campo, começaram depois que os agentes prenderam um grupo de refugiados que tentavam sair ilegalmente do próprio campo. Alguns refugiados teriam aberto o fogo contra a polícia.
Os refugiados, ao invés, disseram que o que desencadeou a agitação foi um policial que maltratou de uma criança, denunciando tais comportamentos como prática das forças de segurança.
Nota da IHU On-Line: O corpo do padre Frans van der Lugt foi exposto na frente do altar da mesma igreja onde, em janeiro deste ano, gravou um vídeo, em árabe, que girou o mundo. ""Não aceito que morramos de fome. Não aceito que sejamos afogados no mar da fome, devorados pelas ondas da morte", afirmava o jesuíta que conclui: "Nós amamos a vida. Queremos viver. E não queremos ser afogados num mar de dor e sofrimentos". A informação é publicada pelo jornal Corriere della Sera, 08-04-2014.
O dramático apelo do padre Frans van der Lugt, pode ser visto aqui. Ele fala em árabe. A legenda é na língua holandesa.
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"É um homem de paz que morreu", diz Vaticano. Frans van der Lugt, jesuíta holandês, é assassinado na Síria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU