14 Março 2014
Nos jornais, diz-se que, quando alguém recebe críticas da direita e da esquerda, algo de bom está fazendo. Francisco é uma estrela de rock, a ponto de a revista Rolling Stone ter lhe dedicado a capa, e não recebe muitas críticas. As que chegam dos Estados Unidos, porém, são indicativas de como a Igreja está mudando.
A reportagem é de Paolo Mastrolilli, publicada no jornal La Stampa, 12-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Partindo da direita, os ataques vêm de dois frontes: o político, que contesta as suas posições econômicas; e o teológico, que gostaria que ele fosse mais tradicionalista. A crítica mais injuriosa lhe foi pronunciada pelo comentarista de rádio Rush Limbaugh, que o acusou de falar como um marxista, por causa da Evangelii gaudium.
As observações de Francisco sobre os excessos do capitalismo não eram diferentes das dos seus antecessores, mas os republicamos as usaram, contudo, para atacar, com declarações de personagens como Sarah Palin ou o deputado de Nova York, Peter King. A eles, uniu-se o fundador da rede Home Depot, Ken Lagone, que ameaçou parar os financiamentos para reestruturar a catedral de St. Patrick.
O GOP [Partido Republicano] pensava ter criado uma aliança estável com a Santa Sé, desde a época em que João Paulo II e Reagan haviam se encontrado na mesma margem na luta contra o império soviético, e ouvir um papa que BOCCIAVA a "trickle down economy" o desnorteou.
No plano teológico, as vozes que se levantaram por causa das palavras do papa sobre os gays, as uniões civis, o aborto, os divorciados pertencem aos grupos mais intransigentes. Por exemplo, o diretor da Catholic Family News, John Vennari, próximo das posições de Marcel Lefebvre, escreveu que Francisco "parece ter um bom coração e bons instintos católicos, mas, teologicamente, é um trem desgovernado. Eu não permitira que ele ensinasse religião aos meus filhos".
As correntes menos extremas do conservadorismo católico norte-americano não chegam a tanto, mas não faltam aqueles intelectuais antes muito ouvidos no Vaticano que agora expressam dúvidas privadamente. Esses personagens mais preparados não pensam que o papa quer mudar a doutrina sobre questões fundamentas, mas temem que as suas aberturas são mal-entendidas e enfraquecem a fé em geral.
Ao mesmo tempo, porém, Francisco é criticado também pelos liberais, que o acusam de não fazer o suficiente para tornar a Igreja mais progressista. Um exemplo, dentre outros, é David Clohessy, líder da Rede de Sobreviventes dos Abusados por Padres (SNAP, na sigla em inglês), que critica o papa por ter dado poucos passos concretos para punir os responsáveis pelos abusos sexuais.
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''Esse papa fala como marxista'': os norte-americanos que torcem o nariz em relação ao papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU