07 Janeiro 2014
O Papa Bergoglio nomeou D. Núncio Galantino, de 65 anos, atual bispo de Cassano all’Ionio, a menor diocese da Calábria (província de Cosenza), como novo secretário geral da Conferência Episcopal Italiana - CEI. Toma o lugar de Mariano Crociata, há alguns meses “promovido” pelo próprio Francisco para a diocese de Latina.
A reportagem é de Paolo Rodari, pulicada no jornal La Repubblica, 31-12-2013. A tradução é de Benno Dischinger.
Galantino é um Bergoglio “ante litteram”. Estudioso de dogmática, ele é um padre do povo, ex-pároco de um dos quarteirões mais difíceis de Cerignola (Foggia), sua cidade natal, aberto ao diálogo com todos, que não se faz chamar “excelência reverendíssima”, e sim “Padre Núncio”, que vive num seminário e não no grande palácio episcopal, que não tem secretários, que anda pelas estradas da diocese guiando pessoalmente o próprio carro e que, quando há um ano foi ordenado bispo, pediu a todos que não dessem presentes, mas que dessem o dinheiro correspondente aos pobres.
Francisco tem pressa de revolucionar a CEI. A nomeação do secretário chegou antes da reunião do Conselho Permanente no final de janeiro elaboraria a lieta tríplice a ser entregue ao Papa – assim pensavam na CEI – para aquele cargo. Francisco, ao invés, saltou por cima dos procedimentos. E no início da próxima primavera parece intencionado a fazer mais: esperará dos atuais chefes – também Galantino é “ad interim” – a decisão sobre como modificar os estatutos para chegar à possibilidade que o presidente seja eleito diretamente pelos bispos.
Mas, ao mesmo tempo ele está cônscio que antes da renovação das estruturas e dos organogramas é conveniente uma conversão espiritual, nos corações. Daqui provém a escolha toda ‘bergogliana’ de um secretário afastado de todo carreirismo, um pastor que conhece bem “o cheiro do seu rebanho” e que, quando em 2004 se tornou responsável pelo serviço nacional para os estudos superiores de teologia e de ciências religiosas da CEI, se moveu para favorecer no interior do episcopado o diálogo além de toda contraposição entre diversas facções. Em suma, um ‘outsider’ que não por acaso comentou calidamente: “Bergoglio teve uma bela coragem em chamar-me!”.
No fundo está aqui todo o sentido das mais importantes nomeações efetuadas até agora por Francisco: a coragem de conduzir a postos decisivos (assim também nas primeiras nomeações da cúria romana) homens de fé, sacerdotes que sabem o que significa servir. Francisco, acelerando com a nomeação do secretário, não quis esquecer o povo, em particular aquele de Cassano all’ Ionio, que nos próximos meses deverá renunciar a ter, na diocese, o bispo por diversos dias da semana.
A eles o Papa escreveu estas palavras: “Sei quanto vocêm amam o seu bispo e sei que não é do gosto de vocês que ele se seja tirado> Eu entendo vocês. Por isso quis escrever-lhes diretamente como que pedindo permissão. Peço-vos, por favor, que me compreendam e me perdoem”.
- O Papa está atento a todo o povo de Deus, ultimi in primis [primeiramente os últimos].
Mas, o seu Evangelho da misericórdia e da ternura não comporta cedências doutrinais. Não foi por acaso que ontem o bispo auxiliar de Malta, Charles Scicluna, disse que Francisco está “chocado” pelas propostas de lei que permitiriam em seu país a adoção de crianças por casais homossexuais. Diz Scicluna em La Repubblica:
“Encontrei-me com o Papa no dia 12 de dezembro passado. Encorajou-me a falar abertamente sobre o fato que a família é formada por um homem e uma mulher. E me disse que, no que se refere à adoção de crianças por casais gay é preciso retornar ao que ele mesmo escreveu numa carta de 2010 às monjas carmelitas de Buenos Aires, por ocasião da discussão da lei argentina sobre o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. Bergoglio considerava a lei argentina de 2010 como um “regresso antropológico”, porque vai debilitar “uma instituição milenar que se forjou de acordo com a natureza e a antropologia”.
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"Estilo Francisco”. Papa nomeia novo secretário da Conferência dos Bispos Italianos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU