27 Outubro 2015
A publicação dos votos obtidos no Sínodo por cada um dos 94 parágrafos do documento final nos dá duas informações sensíveis: de que havia na assembleia uma resistência às novidades normativas de maior compromisso, estimado em cerca de 30% dos votantes; e de que há entre os resistentes um núcleo duro que também se opõe às novidades de peso menor: uma oposição instintiva que vai de 10 a 20% dos votantes.
A reportagem é de Luigi Accattoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 26-10-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O primeiro dado é assinalado com o resultado obtido pelos três parágrafos que superaram por pouco o quórum da maioria qualificada, isto é, dos dois terços, que era de 177 votos, sendo 265 os votantes: o número 84, sobre os papéis eclesiais dos divorciados recasados (64 "nãos"), os números 85 e 86 sobre o "discernimento pastoral" da sua condição, a fim de receber os sacramentos (80 e 64 "nãos").
Depois, há um bom número de parágrafos que tiveram entre 10% e 20% de votos contra, somando os "nãos" e as abstenções: os parágrafos 54, 63, 69-76. Eles dizem respeito ao acompanhamento das famílias que se encontram em "situações complexas": coabitação, casamentos apenas civis, casamentos mistos, uniões entre uma parte católica e uma não crente, famílias com pessoas de tendência homossexual.
Nesses parágrafos, não é levantada nenhuma reforma, mas é apenas proposta uma via "do acompanhamento" e da "misericórdia", que já é implementada, na Itália, pela maioria das paróquias.
Algo semelhante já tinha sido visto no ano passado, quando, pela primeira vez, foram publicados – por decisão de Francisco – os votos obtidos pelos diversos parágrafos do documento final e da "Mensagem da Assembleia": essa mensagem, que era apenas uma saudação às famílias, também se confrontou com cerca de 10% de "nãos".
Existe no mundo eclesiástico um código da severidade que censura a via da misericórdia, mesmo quando ela se perfila unicamente como uma novidade de linguagem.
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Aqueles 20% dos cardeais que sempre votam "não" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU