17 Agosto 2015
No segundo discurso público feito na Assembleia de 2015 da Conferência de Liderança das Religiosas – LCWR, a Irmã Janet Mock (Congregação de São José) falou sobre a realidade cambiante da vida religiosa, comparando-a com o corpo ressuscitado de Cristo.
A reportagem é de Dawn Cherie Araujo, publicada pelo National Catholic Reporter, 12-08-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“Se as nossas Congregações fizeram tudo o que podem fazer, então devemos colocar a sabedoria coletiva que é nossa a serviço do mundo via oração e sofrimento, adentrando-nos na passividade de Cristo para o bem do mundo”, disse ela, acrescentando que vida sempre advém de morte.
O objetivo da fala da irmã não era o de diminuir o que as Congregações têm realizado, mas sim de abordar a forma como as comunidades religiosas podem se preparar para um futuro que será muito diferente do passado. Ela enfatizou a necessidade de se ter ministérios intercongregacionais, dizendo que não pode haver “super astros” (superstars) na vida religiosa, e discutiu a necessidade de uma condução atual que garanta que as irmãs mais novas estejam preparadas intelectual, espiritual e psicologicamente para o mundo.
Janet Mock disse que existem cerca de 1.200 mulheres em formação religiosa inicial nos Estados Unidos. Se a metade delas chegar aos votos perpétuos, acrescentou, este número já seria o dobro da quantidade de irmãs que vieram para os Estados Unidos em 1800.
“E se abordássemos, juntos, estas necessidades das congregações?”, perguntou ela às demais participantes. “Porque, afinal de contas, essas mulheres são nossas”.
Janet Mock, que discursará à assembleia novamente na sexta-feira à noite depois de receber o prêmio Liderança de Destaque da LCWR, serviu à organização como diretora-executiva de abril de 2012 a dezembro de 2014, quando terminou o seu mandato – ocasião em que foi sucedida pela Irmã Joan Marie Steadman (da Congregação de Santa Cruz). O período de mandato da Irmã Janet Mock como diretora-executiva durou quase toda a extensão do “mandato” do Vaticano para a LCWR; ela estava entre os líderes que foram a Roma no início deste ano, no final do mesmo mandato.
Em sua alocução, Janet Mock falou brevemente sobre o mandato do Vaticano, dizendo que houve momentos durante o processo de diálogo com a Santa Sé em que as representantes das irmãs americanas “renderam-se ao silêncio” e que “tememos por nossas vidas enquanto Congregação”.
Mas, no final, o que ela tirou deste processo foi o desejo de entrar “de todo o coração” na atividade de Deus quando chamada, e também saber quando este chamado está além de sua capacidade de ação – precisamente o mesmo conceito que ela propôs que as irmãs poderem quando observarem as realidades de suas comunidades.
Esta mensagem pareceu ressoar entre as participantes, algumas das quais foram escolhidas aleatoriamente para compartilhar as reflexões que fizeram, antes, em pequenos grupos.
Muitas das irmãs disseram que o tema discutido em grupo era a formação de jovens irmãs. A Irmã Jean Olmstead (da Congregação do Santíssimo Sacramento) disse que o seu grupo explorou a ideia de se ter pequenos grupos intercongregacionais de mulheres em formação inicial que poderiam se engajar, crescer e – até mesmo – fracassar em conjunto.
“Esta ideia tem a ver com protegermos o futuro da vida religiosa, que é algo que todas nós queremos”, disse ela, reforçando o que a Irmã Janet Mock falou a respeito desta responsabilidade como sendo algo maior do que simplesmente se pensar em comunidades singulares.
Outros trabalhos em grupo se focaram na ideia de se saber quando é preciso agir passivamente. A Irmã Jean Steffes, da Congregação de Santa Inês, que também participou, em junho, na Assembleia da Associação Católica de Saúde (“Catholic Health Association”), disse que os hospitais católicos em breve terão de tratar pacientes transexuais e que as irmãs associadas a esses hospitais terão de determinar se vão combater a discriminação institucional de forma passiva ou ativa.
E isso trouxe de volta a imagem conclusiva que a Irmã Janet Mock usou em seu discurso: a das religiosas como a voz pequena, porém integral da flauta em uma orquestra.
“Que jamais deixemos de fazer a nossa parte”, disse ela. “Que nós, religiosas, sejamos aquilo de que Caryll Houselander chamou certa vez: um bastão firme, fiel de Deus”.
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Mudar a realidade da vida religiosa assume o centro das atenções em congresso da LCWR - Instituto Humanitas Unisinos - IHU