09 Julho 2015
A Suprema Corte de Israel, com um pronunciamento de muitos modos surpreendente, na segunda-feira, 7 de julho, deu a luz verde para a construção do "muro de separação" entre o Estado hebraico e a Palestina, no trecho atravessa o vale de Cremisan, de acordo com a intenção desde sempre perseguida pelo Ministério da Defesa de Israel.
A reportagem é da Agência Fides, 08-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Essa nova disposição contrasta com um pronunciamento anterior, emitido pelo mesmo órgão judicial supremo do Estado de Israel, que, no início de abril, tinha emitido uma sentença – apresentada como definitiva depois de uma disputa que durou quase oito anos – com a qual se bloqueava o caminho do muro proposto pelo Exército e pelo Ministério da Defesa israelenses, e se convidavam as autoridades militares israelenses a encontrar alternativas menos devastadoras para a população local.
Na realidade, a retomada dos trabalhos autorizada pela Corte prevê apenas uma leve variação em relação aos percursos do traçado do muro previstos anteriormente. Com base nas novas disposições, a escola e os dois conventos salesianos que surgem na área ainda se encontrarão em território palestino, acessíveis a partir da cidade de Beit Jala, enquanto o muro englobará na parte israelense os fundos agrícolas do vale de Cremisan, pertencentes a 58 famílias palestinas da região.
"Estamos surpresos com a incrível decisão da Corte, que autoriza os trabalhos sem admitir mais recurso – comenta o bispo William Shomali, vigário patriarcal do Patriarcado Latino de Jerusalém – e tentamos entender as razões desse fato. A drástica mudança em relação ao pronunciamento anterior pode ser uma reação diante do recente reconhecimento oficial do Estado da Palestina por parte da Santa Sé. Não houve grandes reações formais a esse reconhecimento. Agora, temos a sensação de que, como em outros casos, a resposta chegou com a política dos fatos consumados."
O vigário patriarcal para a cidade de Jerusalém levanta também outras considerações: "A impressão é de que nunca se renunciou realmente a se apropriar daqueles terrenos de Cremisan, para ter uma área para se poder ampliar os assentamentos israelenses de Gilo e Har Gilo, estes também construídos sobre terras roubadas da cidade palestina de Beit Jala. Essa era a intenção desde o início, o objetivo a que se visava, e se quer chegar a isso a todo o custo".
O vale do Cremisan é o "pulmão verde" principal para a população que vive na região de Belém. O traçado do muro de separação desejado por Israel, depois de cortar o território de Belém, agora se prepara para devastar essa região, conhecida como um dos ambientes naturais mais belos de toda a Terra Santa.
"É evidente – declarara no passado Vera Baboun, prefeita de Belém – que o desenho do traçado não responde a nenhuma exigência de segurança e visa apenas a separar as pessoas das suas terras para poder confiscá-las e ampliar a área das colônias israelenses que já ocuparam, naquele quadrante, a maior parte dos territórios palestinos".
Segundo Vera Baboun, o efeito da política das expropriações israelenses nessa região tão delicada dos territórios palestinos será que, "dentro de poucos anos, toda a área será sufocada pelas garras do muro, e os primeiros a irem embora serão os cristãos".
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Luz verde para a construção do ''muro de separação'' em Israel - Instituto Humanitas Unisinos - IHU