Papa abençoa reformas sociais do Equador e pede: ''Sejam irmãos''

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07 Julho 2015

"Sejam todos irmãos. Isso fará do país a grande nação equatoriana!" Com essas palavras, o Papa Francisco, depois de voltar na tarde dessa segunda-feira para Quito, depois da megacelebração em Guayaquil, concluiu o segundo dia da sua viagem à América Latina.

A reportagem é de Salvatore Izzo, publicada no sítio Il Sismografo, 07-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Um apelo para reencontrar o caminho do diálogo que chegou ao fim de uma conversa de 40 minutos com o presidente Rafael Correa, com quem ele se assomou nada menos do que duas vezes da sacada do Palácio Presidencial Carondelet: logo depois da chegada do aeroporto e, depois, quando estava prestes a ir embora, quando também abençoou a multidão que estava na praça da catedral ao lado.

A oposição e alguns setores mais conservadores da Igreja no Equador esperavam que, ao contrário, Francisco não se assomasse ao lado do presidente, a cuja política reformista, com esse gesto repetido, o papa reiterou o seu encorajamento.

Francisco está convencido da necessidade  de reduzir o fosso que no Equador ainda divide 2% da população (os herdeiros dos latifundiários, hoje proprietários de empresas) dos 20% dos cidadãos que estão em condição de pobreza e que, há apenas cinco anos, eram 40%.

Justamente a situação difícil determinada pelos protestos de rua que tentam impedir as reformas sociais e as expectativas da Igreja que pede que seja reconhecido o seu papel a serviço do povo e que sejam respeitados – não só com palavras – os valores da vida e da família foram os temas da conversa dessa noite, o quinto encontro de Bergoglio com Correa, depois dos encontros romanos (19 de março e 19 de abril de 2013 e 28 de abril passado) e a breve troca de opiniões na noite de domingo, no aeroporto.

No encontro oficial no palácio, o papa novamente assegurou a Correa que "poderá contar sempre com o compromisso e a colaboração da Igreja, para servir a este povo equatoriano que se pôs de fé com dignidade".

O Papa Francisco, mesmo que a Igreja local pareça dividida na avaliação do trabalho do governo, reconhece que, ao longo dos anos da presidência de Correa, foram obtidas "conquistas em progresso e desenvolvimento", mas pede mais esforços para que os resultados "que estão sendo conseguidos se consolidem e garantam um futuro melhor para todos, prestando uma especial atenção aos nossos irmãos mais frágeis e às minorias mais vulneráveis, que são uma dívida que a América Latina ainda tem".

"Estou perto do Equador, permanece de pé com dignidade", disse Bergoglio na cerimônia de boas-vindas, aludindo implicitamente aos riscos ligados ao descontentamento despertado na classe média pelas propostas de lei sobre a propriedade privada com as quais se gostaria de financiar o salário social e a assistência médica para todos, uma perspectiva contra a qual se insurgiram os médicos, que consideram insuficientes as taxas fixadas para os seus serviços e decidiram pendurar os guarda-pós em protesto do lado de fora dos seus consultórios.

Saindo do palácio para ir a pé à catedral, de noite, Francisco passou na frente da placa que relembra o assassinato, no dia 6 de agosto de 1875, do presidente Gabriel Gregorio Garcia y Moreno, pelas mãos dos assassinos da maçonaria, sempre bem difusa entre os latifundiários. Crivado de balas, ao seu grito: "Morre, carrasco da liberdade!", Moreno ainda teve forças para responder: "Deus não morre!".

Sob o seu governo, o Equador se tornou o país líder no campo da ciência e do ensino superior no contexto da América Latina.