15 Junho 2015
A Igreja do Gesù, em Roma, estava lotada no dia 10 de junho para a estreia da "Missa Papae Francisci", escrita pelo prêmio Oscar Ennio Morricone pelo 200º aniversário da reconstituição da Companhia de Jesus e dedicada ao Papa Francisco.
A nota é de Antonio Marguccio, no blog Pontifex Maximus Optimus, 12-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nos dias que antecederam o concerto muito esperado, Morricone contou muitos bastidores sobre a gestação da obra. Começando pelo encontro casual com o padre Daniele Libanori, reitor da Igreja do Gesù (que fica a poucos passos da casa do compositor romano), o primeiro a lhe propor o projeto.
E, para terminar, a visita ao Papa Bergoglio, ao qual Morricone presenteou a partitura que, na primeira página, forma uma cruz. "A minha mulher – disse ele à Rádio Vaticano – me pedia uma missa há anos, mas eu não me decidia nunca. Finalmente, encontrei o reitor da Piazza del Gesù, padre Libanori, e ele me pediu para escrever uma missa para os 200 anos da reconstituição dos jesuítas. Mas o que mais me impressiona desse encargo é o fato de eu ter escrito a música do filme A missão, que é a história dos jesuítas na América do Sul, os quais, depois de alguns anos, a partir 1750, foram dissolvidos. Você vê quantas coincidências? De alguma forma, eu participei da sua dissolução e agora participo da recorrência do 200º aniversário da sua reconstituição. Além disso, o papa, o único jesuíta até agora... Portanto, eu lhe dediquei a música. É incrível! Encontro em tudo isso coincidências que eu definiria como quase milagrosas".
A "Missa" se relaciona idealmente à música sacra renascentista, o que é bastante compreensível, dadas as sugestões polifônicas que muitas vezes atravessaram a poética morriconiana (apenas ouvir a trilha sonora de "A missão" para perceber isso).
Mas, na realidade, a obra é algo completamente novo, jamais écouté. Mais do que Palestrina ou os irmãos Gabrieli, ela lembra algumas atmosferas da Missa de Stravinsky e do Salmo 9 de Goffredo Petrassi, seu mentor.
O clima, em geral, é solene e tranquilo, às vezes (como no "Gloria" e no "Agnus Dei") místico. Sonoridades redondas e plenas, são muito sugestivas as partes confiadas ao coro da Ópera de Roma.
Há muito do Morricone intelectual, vanguardista, e algo do cinematográfico (com o encerramento triunfal que retoma o famoso Gabriel's oboe).
Impossibilitado de participar pessoalmente, o Papa Bergoglio enviou uma mensagem privada.
A missa, com imagens esplendorosas da Igreja 'del Gesù' pode ser vista clicando aqui.
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Missa de Morricone em homenagem a Francisco surpreende a todos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU