Dom Luciano, arcebispo de Mariana, pode ser beatificado pelo Vaticano

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26 Mai 2015

Na edição do Terra de Minas, deste sábado (23), conheça a história de Dom Luciano Mendes de Almeida, ex-arcebispo de Mariana, na Região Central. O religioso, morto em 2006, é cotado para ser beatificado pela Igreja.

A reportagem foi publicada pelo sítio Rede Globo, 23-05-2015.

Em 20 de maio de 1988, Dom Luciano foi recebido com festa nas ladeiras históricas. A cidade estava tomada por fiéis. A multidão recebeu com carinho o presidente nacional dos bispos do Brasil que chegava para assumir o cargo de arcebispo de Mariana, indicado pelo Papa João Paulo II.

O religioso nasceu em 5 de outubro de 1930, no Rio de Janeiro. Era doutor em filosofia e, ainda jovem, foi ordenado na Companhia de Jesus, quando se tornou um jesuíta.

Assim que chegou à Mariana, logo ganhou fama pela generosidade e por defender os mais pobres. Essa popularidade atraía dezenas de pessoas, diariamente, à porta da residência episcopal para receber doações, agasalhos, cobertores e comida. Os moradores contam que muitas vezes o religioso dava abrigo na própria casa aos mais necessitados.

“Eram dezenas de pessoas na porta, o dia todo, desde o amanhecer até o anoitecer (...) qualquer lugar que ele tivesse tinha fila de pessoas pedindo ajuda”, conta a auxiliar de biblioteca, Maria da Glória Moreira.

Outras virtudes marcaram a história do arcebispo. Atuou na defesa dos direitos humanos, pela igualdade entre as pessoas. Foi por esse ideal que construiu a comunidade da figueira, há 25 anos, uma casa que recebe pessoas com necessidades especiais.

Dom Luciano sempre falava lá fora pras outras pessoas que a figueira era a menina dos olhos ele e que também quem quisesse ver o céu viesse a figueira, visitasse a figueira”, disse a coordenadora da Figueira, Neuza de Oliveira.

Um acidente de carro em fevereiro de 1990 quase interrompeu a trajetória de solidariedade de Dom Luciano. Depois de 11 cirurgias e com serenidade de sempre, Dom Luciano deu uma entrevista aos jornalistas. “Dizem que a minha recuperação é milagrosa. (...) Eu queria lhes dizer resumindo tudo é que eu senti Deus muito presente. Foi uma grande experiência de fé pra mim. Eu não sentia dor, eu sentia Deus”, afirmou.

Virgínia Buarque, doutora em história e professora da Universidade Federal de Ouro Preto, estuda a vida de Dom Luciano e reúne documentos que comprovam outras preocupações do religiosos. Ele era muito engajado com as causas dos menores.

O arcebispo morreu em 2006, vítima de câncer, aos 75 anos. O corpo está enterrado na cripta da Catedral da Sé. Na lápide, está escrito que ele era um mestre na observância do amor, afável patrono das crianças e dos necessitados.

“Este é um lugar orante, principalmente depois da missa da manhã, 6:30 aqui na catedral, muitas pessoas descem, (...) vem aqui pra fazer seus pedidos, pedir intercessão de Dom Luciano, nesse espaço aqui, ajoelham, deixam bilhete, foto, a paróquia tem o cuidado de recolher, pra não perder, não estragar e está tudo mantido como sinal da fé e da devoção”, disse Virgínia.

Hoje, um grupo é responsável por estudar documentos e juntar testemunhas que ajudem a comprovar a santidade do arcebispo. O material será enviado a Roma para que se inicie o processo de beatificação. Depois será necessário comprovar dois milagres para que ele seja considerado santo.