10 Outubro 2015
"Como mestra do discernimento espiritual, Teresa indica os caminhos da humildade, da paciência, mas sobretudo da adesão fiel ao querer de Deus, à gratuidade de seu Mistério, como antídotos fundamentais para enfrentar os inúmeros desafios dessa caminhada em direção ao Mistério", destaca o teólogo.
Imagem:Mr. Christopher Smith, OP |
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Faustino destaca dois traços essenciais da mística teresiana. “Em primeiro lugar, o protagonismo de Deus. Para Teresa é sempre Deus que convoca e abre a relação do ser humano com ele, é sempre o sujeito nesse processo de abertura, que se irradia na relação com os outros. O outro traço é a centralidade do amor. Por todo o tempo, no processo de afirmação da vida espiritual, Teresa lembra desse primado”, aponta. Traços que podem dizer muito à atualidade. Para o professor, hoje, as celebrações são oportunidades de revisitar a obra de Teresa, ancorado nas crises atuais. “Vivemos sob o domínio da produtividade, da busca desenfreada pelo sucesso, escravos das leis do mercado. Os grandes místicos, como Teresa, destacam a importância de um outro ritmo para a vida, de cuidado com o mundo interior, de quietação dos sentidos, de atenção aos toques do silêncio”.
Faustino Teixeira é professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – PPCIR-UFJF, pesquisador do CNPq e consultor do ISER-Assessoria. É pós-doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Entre suas publicações, encontram-se Teologia e pluralismo religioso (São Bernardo do Campo: Nhanduti Editora, 2012); Catolicismo plural: dinâmicas contemporâneas (Petrópolis: Vozes, 2009); Ecumenismo e diálogo inter-religioso (Aparecida do Norte: Santuário, 2008); Nas teias da delicadeza: Itinerários místicos (São Paulo: Paulinas, 2006); No limiar do mistério. Mística e religião (São Paulo: Paulinas, 2004); e Os caminhos da mística (São Paulo: Paulinas, 2012). Recentemente publicou, em coautoria com Renata Menezes, Religiões em Movimento. O Censo de 2010 (Petrópolis: Vozes, 2013).
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Qual é a centralidade das Moradas [1] na obra de Teresa d’Ávila [2]?
Foto: Gazeta do Povo
Faustino Teixeira - Esta grande obra de Teresa de Ávila (1515-1582) reflete o momento de sua maturidade espiritual. Foi escrita nas cidades de Toledo e Ávila entre junho e novembro de 1577, 12 anos depois do Livro da Vida [3], quando Teresa tinha 62 anos. Foi o último livro doutrinal da mística de Ávila, e reflete um momento particular, de busca de um melhor alinhamento das vivas experiências espirituais de Teresa ao longo de sua trajetória.
Como mostrou Michel de Certeau [4], a biografia era o modo encontrado por ela para “ordenar a própria alma”. Seguir os passos das Moradas é retomar o caminho encontrado por místicos de tantas tradições para apresentar o percurso que leva o fiel (o amante) ao horizonte mais radical do sentido, do encontro com o Amado. E Teresa acolheu a perspectiva de interiorização, que remete a nomes importantes como Sócrates [5] e Agostinho [6].
A alma torna-se para Teresa o lugar especial de encontro com o Mistério Maior, e toda a sua obra consiste em preparar esse espaço interior, através do desapego e das rupturas dos nós, para que seja o rincão de uma hospitalidade muito especial. Dizia Teresa: “É sumamente bom entrar primeiro no aposento do conhecimento próprio, antes de voar aos outros”.
IHU On-Line - Em que consiste a convocação de Teresa ao cultivo do mundo interior?
Faustino Teixeira - Teresa já inicia sua reflexão nas Moradas falando da dignidade da alma, que vem comparada a um castelo “feito de um só diamante”. Reconhece a dignidade e beleza dessa alma, portadora de tão precioso bem, pois lá no centro desse castelo habita um Rei poderoso, que é a razão e o motivo fundamental da própria vida. E ela, a alma, foi feita à imagem e semelhança desse Deus Misericordioso. O desafio lançado pela mística abulense é o de avançar em direção a esse centro, rompendo com todos os apegos que impedem essa experiência de encontro. Ela sabe que ali naquele Fundo “se passam as coisas mais secretas entre Deus e a alma” (1M 1,3).
Mas é preciso romper com os limites e ultrapassar a camada espessa que impede o essencial despojamento. Não há para ela outro caminho possível de acesso senão o da interiorização, favorecido pela oração. A oração é a porta de entrada das Moradas (1M 1,7). A convocação é muito clara: “Ponde os olhos no centro: aí está o salão principal, onde se encontra o rei” (1M 2,8). Esse centro é como um “braseiro” de onde irradiam finíssimas fragrâncias, que se irradiam por todos os cômodos, até tocar o próprio corpo. Mas Teresa adverte que essa interiorização deve ser sempre acompanhada pela abertura e conhecimento do Mistério de Deus.
“O recado é bem claro: não pode haver experiência de união com Deus se faltar a virtude da caridade” |
IHU On-Line - Em que consistem as sete Moradas apresentadas por Teresa e como elas culminam no acesso ao mistério de Deus e ao mistério da natureza humana?
Faustino Teixeira - Cada morada reflete um passo no processo de interiorização e de aproximação ao Mistério de Deus. Os temas apresentados em cada momento são de grande riqueza, traduzindo com fidelidade as dificuldades e alegrias que acompanham a dinâmica de crescimento espiritual. Alguns temas, em especial, são destacados por Teresa, como por exemplo o “mistério do mal”, no capítulo primeiro das primeiras moradas. Um tema que sempre ocupou a atenção de Teresa: as artimanhas do demônio para impedir o acesso às águas vitais do mundo interior.
Como mestra do discernimento espiritual, Teresa indica os caminhos da humildade, da paciência, mas sobretudo da adesão fiel ao querer de Deus, à gratuidade de seu Mistério, como antídotos fundamentais para enfrentar os inúmeros desafios dessa caminhada em direção ao Mistério. O processo é difícil, envolve ascese e luta: uma batalha permanente contra os obstáculos edificados pelos apegos da vida. Interessante também ver as provas que Teresa indica para verificar o grau de despojamento encontrado no buscador, sobretudo a capacidade efetiva de desapego diante das intempéries da vida. Na medida em que se avança nas dependências das moradas, firma-se um espaço novo, da presença de Deus e de seus favores sobrenaturais, sempre gratuitos.
Nas últimas moradas, que já apresentam o estado de união mística, o tema do êxtase e dos arroubamentos ganham lugar especial, bem como os passos de discernimento para verificar a autenticidade da experiência vivida. Um ponto de destaque, a centralidade de Jesus, como referência para a caminhada: estar diante desta presença é participar de algo poderoso, que exorciza o medo e incita a avançar com segurança. Como coroação das moradas, as teofanias trinitárias que marcam o estágio final, simbolizando o matrimônio espiritual.
IHU On-Line - Qual é a perspectiva mística de Teresa e como sua mística aparece em suas obras?
Faustino Teixeira - Poderia destacar dois traços essenciais da mística de Teresa, que brilham com intensidade em suas Moradas. Em primeiro lugar, o protagonismo de Deus. Algo que nos faz lembrar aquela bela reflexão de João da Cruz [7], na Chama viva de Amor: “Se a alma busca a Deus, muito mais a procura o seu Amado” (Ch 3,28). Para Teresa é sempre Deus que convoca e abre a relação do ser humano com ele, é sempre o sujeito nesse processo de abertura, que se irradia na relação com os outros. Na medida em que se avança nas estâncias das moradas, os dons sobrenaturais ganham evidência. Tudo é fruto da graça, tudo é dom de Deus. Teresa reitera esse toque magnífico da presença de Deus, que como o bom pastor, jamais abandona os seus queridos. Ela diz no Livro da Vida, no final do capítulo sexto: “Vossa mão me sustenta há vários anos”; “Vós não vos afastastes de mim por inteiro, dando-me sempre a mão para que eu voltasse a me levantar, muitas vezes.”
O outro traço é a centralidade do amor. Por todo o tempo, no processo de afirmação da vida espiritual, Teresa lembra desse primado. Mas de forma muito especial no capítulo terceiro das quintas moradas, quando fala de forma exemplar de um outro modo de união, tão querido por Deus. Para aqueles que têm dificuldade de acessar os píncaros da contemplação, Teresa oferece um caminho mais acessível, mas essencial: o amor a Deus e o amor ao próximo. Tudo tão simples…
Ela assinala que se o buscador guarda esses dois desafios com seriedade, a união com Deus está garantida. Daí sua ênfase na caridade fraterna. Diz para as religiosas: “Quanto mais adiantadas estiverdes no amor ao próximo, tanto mais estareis no amor de Deus” (5M 3,8). Lança severas críticas às exterioridades da fé, aos apegos piedosos e ensimesmados aos penduricalhos da fé. O essencial, diz Teresa, não está nesse apego superficial, mas em algo mais profundo e exigente, que é deixar-se habitar pela presença do outro. E adverte as religiosas: “Não, irmãs, não é assim! O Senhor quer obras. Se vês uma enferma a quem podes dar algum alívio, não tenhas receio de perder a tua devoção e compadece-te dela” (5M 3,11). O recado é bem claro: não pode haver experiência de união com Deus se faltar a virtude da caridade (5M 3,12). Indica, porém, um complemento importante: para que o amor ao próximo ganhe vitalidade ele deve deixar-se enraizar no amor de Deus. É a partir desse vínculo fundamental que o amor ao outro pode desabrochar com profundidade (5M 3,9).
IHU On-Line - Para além de uma interpretação eclesiástica, como a obra de Teresa d’Ávila pode ser interpretada?
Faustino Teixeira - Verificamos que, de fato, os grandes especialistas na obra de Teresa de Ávila são religiosos. São autores que trazem uma contribuição muito importante para a interpretação das obras de Teresa e de seu itinerário místico. Mas vejo também como fundamental a abertura de novos canais de reflexão sobre a mística de Ávila, procedentes de estudiosos leigos, inseridos nos diversos setores das ciências humanas. Isto pode também favorecer um olhar específico, diferencial, sobre a dinâmica espiritual de Teresa. Pistas importantes, como a da corporeidade, foram abertas por pesquisadores não religiosos, como é o caso da psicanalista Julia Kristeva [8]. Vale também lembrar a singular contribuição de Luce López-Baralt [9], em seus estudos sobre a simbologia de Teresa. Trata-se de um desafio importante e em aberto.
“Vejo também como fundamental a abertura de novos canais de reflexão sobre a mística de Ávila, procedentes de estudiosos leigos” |
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IHU On-Line - Por quais razões a obra Moradas deveria ser lida hoje?
Faustino Teixeira - Em sua carta encíclica sobre o cuidado da casa comum, Laudato Si’ [10] (2015), o papa Francisco chamou a atenção para um problema grave de nosso tempo, que é a aceleração (rapidación), o ritmo de velocidade que se impõe às ações humanas (LS 18). Vivemos sob o domínio da produtividade, da busca desenfreada pelo sucesso, escravos das leis do mercado. Os grandes místicos, como Teresa, destacam a importância de um outro ritmo para a vida, de cuidado com o mundo interior, de quietação dos sentidos, de atenção aos toques do silêncio. Dizia Thomas Merton [11], que assim como as árvores e as montanhas precisam do repouso da noite para recuperar suas forças e ressurgir renovadas na aurora, assim também o ser humano necessita do “espírito da noite”, da paz interior e do repouso para retomar a dignidade de sua natureza essencial.
É mediante este “trabalho de cela” que todos os sentidos poderão encontrar o reforço essencial para então abrir-se às belezas do mundo circundante. Na perspectiva de Teresa, o mergulho no mundo interior é fundamental, mas ele vem sempre acompanhado de uma sede de irradiação, de uma tensão operativa, visando sempre à virtude da caridade.
IHU On-Line - Quais são os principais intérpretes da obra de Teresa d’Ávila?
Faustino Teixeira - Eu citaria aqui dois grandes intérpretes, ambos carmelitas, com um trabalho precioso de reflexão sobre a vida e as obras de Teresa de Ávila: Tomás Álvarez e Maximiliano Herraíz. [12] Destaco aqui a recente edição das Obras Completas de Teresa de Jesús, a cargo de Maximiliano Herraíz [13]. Trata-se de uma edição primorosa. Além da introdução geral e das notas, há também um cuidadoso trabalho de apresentação de cada obra de Teresa, sempre a cargo de Herraíz.
IHU On-Line - Teresa d’Ávila é doutora da Igreja. O que isso significa e como ela foi elevada a tal posto?
Faustino Teixeira - Esse reconhecimento tem uma longa história. Teresa veio canonizada em 12 de março de 1622, na época do pontificado de Gregório XV [14]. Os dons de sua santidade foram logo reconhecidos pela igreja, embora tenha tido suas dificuldades em seu tempo com a inquisição. Em sua canonização já vem situada como “Mestra e Doutora”. A declaração oficial, de reconhecimento de Teresa como doutora da igreja, aconteceu no pontificado do papa Paulo VI [15], em 27 de setembro de 1970. Mas há que reconhecer que a teologia mística veio por muito tempo relegada ao “rigoroso cenáculo de ´estranhos` especialistas ou simples apaixonados ´espirituais`”, como mostrou recentemente Maximiliano Herraíz, em obra sobre a Experiência de Deus em Teresa de Jesus e João da Cruz [16].
Diria que Teresa é uma doutora da simplicidade e da humildade. Todo o seu estilo literário vem marcado por esse toque de acessibilidade, numa dinâmica de desapego que encanta. Uma linguagem pontuada pela marca coloquial, espontânea, tonificada pela experiência. Isto nem sempre veio acolhido com abertura pelo mundo da teologia. Sempre houve contenda entre teólogos e espirituais, com seculares prejuízos e desqualificações acadêmicas do trabalho dos místicos por parte dos teólogos de corte. Estas objeções ocorreram por muito tempo, mas felizmente foram se amenizando no pós-concílio, por obra de alguns teólogos de ponta, como Edward Schillebeeckx [17] e Karl Rahner [18].
IHU On-Line - Qual foi o papel de Teresa d’Ávila enquanto reformadora das Carmelitas?
Faustino Teixeira - O que mais impressiona na vida de Teresa de Ávila é o vigor da sua atuação, a disposição férrea de lutar em favor do bem da igreja. Na terceira fase de sua vida, no período que cobre os anos de 1562 a 1582, emerge a Teresa escritora e a religiosa empenhada no trabalho das fundações. É quando percebemos o lado Marta de Teresa, em suas inúmeras viagens para realizar o sonho tão gestado de reformar o Carmelo. Sob a sua responsabilidade, nada menos do que 18 fundações, começando com a fundação do Carmelo de São José (Ávila), em 1562 e concluindo com a fundação do Carmelo de Burgos, em 1582. Além dessas, outras projetadas por ela, ainda que não realizadas em sua vida, como as fundações de Madrid, Pamplona, Valência e Lisboa.
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“Teresa é uma doutora da simplicidade e da humildade” |
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?
Faustino Teixeira - Em primeiro lugar, a ousadia feminina de Teresa, avançando em reflexões místicas de impressionante alcance. Isto numa sociedade dominada pela presença de homens, de letrados masculinos, instauradores da ordenação da vida religiosa. Teresa rompe com esse esquema e instaura uma dinâmica nova, diversa, quebrando a rotina desta marca na dinâmica interpretativa da escritura. A novidade está no “ato feminino de falar”, com astúcia e sabedoria. Assim ela conseguiu driblar a inquisição e seus confessores homens, que resistiam a acolher a riqueza de suas experiências místicas.
Um bonito exemplo vem dado no Livro da Vida, naquele difícil período da presença da inquisição na Espanha, quando se interditou a leitura de muitos livros em castelhano: escritos de devoção (1559). Foi quando Teresa ouviu a voz do Senhor que disse: “Não sofras, que te darei o livro vivo”. Ela comentou na ocasião: “Sempre que o Senhor me ordenava uma coisa na oração e o confessor me dizia outra, o próprio Senhor repetia que lhe obedecesse; depois sua Majestade mudava a sua opinião, para que me ordenasse outra vez de acordo com a vontade divina” (V 26,5).
Em segundo lugar, a presença do corpo na mística de Teresa. Em rica expressão do Livro da Vida, Teresa assinalou: “Não somos anjos, pois temos um corpo” (V 22,10). A experiência espiritual de Teresa vem sempre pontuada por essa intensidade do desejo, pelos toques da corporalidade. Julia Kristeva, em sua obra sobre Teresa [19], fala da ousadia dessa mulher. Num quadro masculino e repressivo, insere em sua pluma uma nota diversa, marcada por sensualidade única, desafiando todo pudor. O seu vocabulário vem carregado de expressões sensuais, sinalizando a centralidade do corpo como espaço da realização dos favores divinos. A terminologia reflete essa dinâmica nova: gostos, delícias, prazeres, etc. É o que também lembrou, de forma pertinente, Michel de Certeau [20] em sua preciosa obra, Fábula Mística, publicada originalmente em Paris [21].
Por Patricia Fachin e João Vitor Santos
Notas:
[1] Rio de Janeiro : Paulinas, 1982. (Nota da IHU On-Line)
[2] Teresa de Ávila (1515-1582): freira carmelita espanhola nascida em Ávila, Castela, famosa reformadora da ordem das Carmelitas. Canonizada por Gregório XV (1622), é festejada na Espanha em 27 de agosto, e no resto do mundo em 15 de outubro. Foi a primeira mulher a receber o título de doutora da igreja, por decreto de Paulo VI (1970). Entre seus livros citam-se Libro de su vida (1601), Libro de las fundaciones (1610), Camino de la perfección (1583) e Castillo interior ou Libro de las siete moradas (1588). Escreveu também poemas, dos quais restam 31 deles, e enorme correspondência, com 458 cartas autenticadas. Sobre Teresa, confira Teresa - A Santa Apaixonada, (Rio de Janeiro: Objetiva, 2005), de autoria de Rosa Amanda Strausz; Obras completas (São Paulo: Loyola, 1995) e Santa Teresa de Jesus – “Livro da vida” (4ª ed., São Paulo: Ed. Paulus, 1983). (Nota da IHU On-Line)
[3] São Paulo: Paulinas, 1983. (Nota da IHU On-Line)
[4] Michel de Certeau (1925-1986): intelectual jesuíta francês. Foi ordenado na Companhia de Jesus em 1956. Em 1954 tornou-se um dos fundadores da revista Christus, na qual esteve envolvido durante boa parte de sua vida. Lecionou em várias universidades, entre as quais Genebra, San Diego e Paris. Escreveu diversas obras, dentre as quais La Fable mystique: XVIème et XVIIème siècle (Paris: Gallimard, 1982); Histoire et psychanalyse entre science et fiction (Paris: Gallimard, 1987); La prise de parole. Et autres écrits politiques (Paris: Seuil, 1994). Em português, citamos A escrita da história (Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982) e A invenção do cotidiano (Petrópolis: Vozes, 1998). Sobre Certeau, confira as entrevistas Michel de Certeau ou a erotização da história, concedida por Elisabeth Roudinesco, e As heterologias de Michel de Certeau, concedida por Dain Borges, ambas à edição 186 da IHU On-Line, de 26-06-2006, disponível em http://bit.ly/ihuon186. As mesmas entrevistas podem ser conferidas na edição 14 dos Cadernos IHU em Formação, intitulado Jesuítas. Sua identidade e sua contribuição para o mundo moderno, disponível para download em http://bit.ly/ihuem14. (Nota da IHU On-Line)
[5] Sócrates (470 a. C. – 399 a. C. ): filósofo ateniense e um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental. Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos, todavia escalava o belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo. Dedicava-se ao parto das ideias (Maiêutica) dos cidadãos de Atenas. O julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão (Apologia e Críton). (Nota da IHU On-Line)
[6] Santo Agostinho (Aurélio Agostinho, 354-430): bispo, escritor, teólogo, filósofo foi uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente. Ele foi influenciado pelo neoplatonismo de Plotino e criou os conceitos de pecado original e guerra justa.
[7] João de Yepes ou São João da Cruz (1542-1591): ingressou na Ordem dos Carmelitas aos 21 anos de idade, em 1563, quando recebe o nome de Frei João de São Matias, em Medina del Campo. Em setembro de 1567 encontra-se com Santa Teresa de Jesus, que lhe fala sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres. Aceitou o desafio e trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de novembro de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma. No dia 25 de janeiro de 1675 foi beatificado por Clemente X. Foi canonizado em 27 de dezembro de 1726 e declarado Doutor da Igreja em 1926 por Pio XI. Em 1952 foi proclamado "Patrono dos Poetas Espanhóis". Sua festa é comemorada no dia 14 de dezembro. Sobre São João da Cruz, confira As obras completas de São João da Cruz (Petrópolis: Vozes, 2002) (Nota da IHU On-Line).
[8] Julia Kristeva (1941): psicanalista búlgara, professora de Linguística na Universidade de Paris e autora de mais de trinta livros consagrados. Aluna de Roland Barthes, é uma das mais respeitadas intelectuais da atualidade. Seus pensamentos envolvem teoria literária, semiologia, filosofia e psicologia. Escreveu também quatro romances. Entre suas obras estão: As Novas Doenças da Alma, Estrangeiros para nós mesmos e O Velho e os Lobos. . Tornou-se influente em teoria da cultura e feminismo após a publicação de Séméiôtiké: recherches pour une sémanalyse (Paris: Edition du Seuil, 1969) (Nota da IHU On-Line)
[9] Luce López-Baralt: Professora convidada em diversas universidades da América do Norte, da Europa e do Oriente Médio. Especialista na investigação e tradução de manuscritos árabes e persas. (Nota da IHU On-Line)
[10] Laudato Si' (português: Louvado sejas; subtítulo: "Sobre o Cuidado da Casa Comum"): encíclica do Papa Francisco, na qual critica o consumismo e desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global das ações para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas. Publicada oficialmente em 18 de junho de 2015, mediante grande interesse das comunidades religiosas, ambientais e científicas internacionais, dos líderes empresariais e dos meios de comunicação social, o documento é a segunda encíclica publicada por Francisco. A primeira foi Lumen fidei em 2013. No entanto, Lumen fidei é na sua maioria um trabalho de Bento XVI. Por isso Laudato Si’ é vista como a primeira encíclica inteiramente da responsabilidade de Francisco. A revista IHU On-Line publicou uma edição em que analisa debate a Encíclica. Confira em http://bit.ly/1NqbhAJ (Nota da IHU On-Line)
[11] Thomas Merton (1915-1968): monge católico cisterciense trapista, pioneiro no ecumenismo no diálogo com o budismo e tradições do Oriente. O livro Merton na intimidade - Sua Vida em Seus Diários (Rio de Janeiro: Fisus, 2001), é uma seleção extraída dos vários volumes do diário de Thomas Merton, autor de livros famosos como A Montanha dos Sete Patamares (São Paulo: Itatiaia, 1998) e Novas sementes de contemplação (Rio de Janeiro: Fisus, 1999). O livro foi editado por Patrick Hart, também monge e colaborador de Merton. Na matéria de capa da edição 133 da IHU On-Line, de 21-03-2005, publicamos um artigo de Ernesto Cardenal, discípulo de Merton, que fala sobre sua relação com o monge. A edição 460 da revista IHU On-Line, sob o título A mística nupcial. Teresa de Ávila e Thomas Merton, dois centenários analisa a legado de Merton. Confira em http://bit.ly/1hbCXyo (Nota da IHU On-Line)
[12] Leia a entrevista “Deus é antropocêntrico por ser amor”, disponível em http://bit.ly/1MU06kz. (Nota da IHU On-Line)
[13] Salamanca: Sígueme, 2015. (Nota do entrevistado)
[14] Papa Gregório XV (1554-1623): nascido Alessandro Ludovisi, foi eleito papa em 9 de Fevereiro de 1621 e governou a Igreja católica até à sua morte. Fundou a Congregação da Propagação da Fé , que era um comitê de Cardeais para supervisionar a propagação do Cristianismo pelos missionários enviados para países não-cristãos. Originalmente o termo não era usado para se referir a informação enganosa. O sentido político atual data da Primeira Guerra Mundial e, originalmente, não era pejorativo. (Nota da IHU On-Line)
[15] Papa Paulo VI: nascido Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, Paulo VI foi o Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica de 21 de junho de 1963 até 1978, ano de sua morte. Sucedeu ao Papa João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II, e decidiu continuar os trabalhos do predecessor. Promoveu melhorias nas relações ecumênicas com os Ortodoxos, Anglicanos e Protestantes, o que resultou em diversos encontros e acordos históricos. (Nota da IHU On-Line)
[16] Roma: OCD, 2014. (Nota do entrevistado)
[17] Edward Cornelis Florentius Alfonsus Schillebeeckx (1914-2009): foi um teólogo católico belga. Foi membro da Ordem Dominicana. Seus livros sobre teologia já foram traduzidos em diversas línguas e suas contribuições ao Segundo Concílio do Vaticano o tornaram conhecido mundialmente. É considerado um dos teólogos mais importantes do século XX. (Nota da IHU On-Line)
[18] Karl Rahner (1904-2004): importante teólogo católico do século XX. Ingressou na Companhia de Jesus em 1922. Doutorou-se em Filosofia e em Teologia. Foi perito do Concílio Vaticano II e professor na Universidade de Münster. A sua obra teológica compõe-se de mais de 4 mil títulos. Suas obras principias são: Geist in Welt (O Espírito no mundo), 1939, Hörer des Wortes (Ouvinte da Palavra), 1941, Schrifften zur Theologie (Escritos de Teologia). Em 2004, celebramos seu centenário de nascimento e a Unisinos dedicou à sua memória o Simpósio Internacional O Lugar da Teologia na Universidade do século XXI. Veja Karl Rahner. A busca de Deus a partir da contemporaneidade, edição 446 da IHU On-Line, de 16-06-2014, nossa edição mais recente sobre o assunto. Dez anos atrás, a edição número 102, da IHU On-Line, de 24-05-2004, dedicou a matéria de capa à memória de seu centenário, em http://bit.ly/maOB5H. Neste meio tempo, a edição 297, de 15-06-2009, Karl Rahner e a ruptura do Vaticano II, também retomou o tema e está disponível para download em http://bit.ly/o2e8cX. Além de diversos artigos sobre o pensamento do teólogo ao longo do tempo, destacamos também o Cadernos Teologia Pública n° 5, Conceito e Missão da Teologia em Karl Rahner, do Prof. Erico Hammes, disponível em http://bit.ly/18XbPcU. Em 2014 a IHU On-Line publicou a edição 446 intitulada Karl Rahner. A busca de Deus a partir da contemporaneidade, disponível em http://bit.ly/112CjfG. (Nota da IHU On-Line)
[19] Thérèse mon amour – Fayard, 2008. (Nota do entrevistado)
[20] Michel de Certeau (1925- 1986): foi um historiador e erudito francês que se dedicou ao estudo da psicanálise, filosofia e ciências sociais. Intelectual jesuíta é autor de inúmeras obras fundamentais sobre a religião, a história e o misticismo dos séculos XVI e XVII. Michel de Certeau nasceu em 1925, em Chambéry, na Savoia (França). Depois de obter o diploma em filosofia, com um caminho de estudos itinerante entre a Universidade de Grenoble, a de Lyon e a de Paris, seguiu uma primeira formação religiosa no seminário de Lyon. Entrou lá em 1950, na Ordem dos Jesuítas em que fez os votos em 1956; queria ser enviado como missionário para a China. Leia também Michel De Certeau, o pensador jesuíta citado pelo papa no seu discurso sobre a liberdade religiosa, nota publicada nas Notícias do Dia, de 28-09-2015, disponível em http://bit.ly/1LsQwrq; Vivemos num mundo sujeito «à globalização do paradigma tecnocrático», critica Francisco no Independence Mall, reportagem publicada nas Notícias do Dia, de 28-09-2015, disponível em http://bit.ly/1VyG1aU. (Nota da IHU On-Line)
[21] Paris: Gallimard,1982. (Nota do entrevistado)
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A feminilidade da mística em Teresa d’Ávila. Entrevista especial com Faustino Teixeira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU