29 Outubro 2022
Não há amizades mais rápidas do que aquelas entre pessoas que amam os mesmos livros.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 25-09-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em quase toda a sua produção literária, dedicou-se às biografias romanceadas de figuras históricas famosas, a começar pelo sucesso de 1961 Agonia e êxtase de Michelangelo, que em 1965 também se tornou um filme com Charlton Heston como protagonista. Trata-se de Irving Stone, que nasceu, viveu e morreu em São Francisco em 1989, aos 86 anos. De um de seus muitos textos extraímos essa curiosa nota. São muitas as tentativas de definir a raiz que gera e nutre a amizade, isolando e cavando nas afinidades naturais e eletivas. O escritor estadunidense identifica uma no amor pelos mesmos livros.
Efetivamente, descobrir que uma pessoa tem uma biblioteca ideal composta de leituras comuns torna mais fácil a sintonia e a simpatia. De certa forma, se poderia reescrever um lema conhecido, dizendo: diga-me o que você lê e eu lhe direi quem é. A leitura é o teste decisivo da própria identidade profunda porque, como escrevia Marcel Proust, “todo leitor, quando lê, lê a si mesmo”. O livro é quase uma lente que discerne a interioridade pessoal e a reflete para o exterior. É por isso que a seleção de livros se torna um autorretrato e permite que o outro crie proximidade e amizade ou distância e rejeição.
Um caminho que muitas vezes é proibido quando - como na Itália - em muitos a leitura é rara e quase nula.
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#Amizades. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU