22 Setembro 2017
"O escândalo de abuso sexual é um desastre terrível para toda a humanidade, que atinge tantas crianças, jovens e adultos vulneráveis em todos os países e em todas as sociedades. Para a Igreja foi uma experiência muito dolorosa. Sentimos vergonha pelos abusos cometidos por ministros consagrados, que deveriam ser os mais dignos de confiança". O Papa novamente expressou sua "profunda dor" diante da Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores, "O abuso sexual é um pecado horrível, completamente oposto e em contradição com o que Cristo e a Igreja nos ensinam".
A informação é publicada por Repubblica, 21-09-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Continuou o Papa Bergoglio: "A Igreja demorou em tomar consciência desses crimes e até mesmo um único abuso é suficiente para a condenação sem apelo". Ele acrescentou: "Quem é condenado por abuso sexual de menores, pode apresentar recurso ao Papa para ter a graça", mas "eu nunca assinei um destes e jamais os assinaria".
O Papa alertou para a necessidade de que "toda a Igreja tome consciência do problema. Existem muitos casos que não avançam, não têm seguimento, isso é verdade". Para isso, ele explicou que o dicastério pontifício "está tentando colocar mais pessoas para trabalhar na classificação dos processos, pessoas que estudem os dossiês".
Nos últimos dias, o Papa Francisco teve um encontro na casa de Santa Marta, no Vaticano, com os pais Yara Gambirasio, a menina de treze anos de Brembate di Sopra (Bergamo), desparecida em 26 de novembro de 2010 e encontrada morta três meses depois. Por seu assassinato está na prisão Massimo Bossetti. Sobre o encontro publica uma matéria o L'Eco di Bergamo, em que lemos o que ocorreu, em um dia em setembro, em uma conversa mantida em sigilo, jamais anunciada nem divulgada anteriormente.
Desde a "monstruosidade", para usar suas palavras, da pedofilia até os danos causados pela corrupção, "solo fértil em que as máfias se enraízam e crescem", o Papa também teve uma audiência com os representantes da Comissão Parlamentar Anti-Máfia.
"Torna-se fundamental opor-se de toda maneira ao grave problema da corrupção, que, no desprezo do interesse geral, representa o terreno fértil para as máfias. A corrupção sempre encontrou uma forma de justificar a si mesma, apresentando-se como a ‘condição normal’, a solução de quem é ‘esperto’, o caminho a seguir para alcançar os próprios objetivos. Tem uma natureza infecciosa e parasitária, porque não se alimenta do que produz de bom, mas do que desvia e rouba. É uma raiz venenosa, que altera a sã concorrência e afasta os investimentos. Enfim, a corrupção é um habitus construído sobre a idolatria do dinheiro e a mercantilização da dignidade humana, pelo que deve ser combatida com medidas não menos incisivas do que as previstas na luta contra a máfia", afirmou o pontífice.
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Papa Francisco: "Pedofilia, desastre terrível, uma grande dor e vergonha. A Igreja demorou em tomar consciência" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU