Por: André | 13 Junho 2016
A vida do cristão pode ser resumida em três atitudes: estar “de pé” para acolher a Deus, em paciente “silêncio” para escutar sua voz e “em saída” para anunciá-lo aos outros. Explicou-o o Papa Francisco durante a homilia da missa que celebrou na capela da Casa Santa Marta. Todos podem ser assaltados “pelo medo” de não conseguir manter a escolha e correr o perigo de cair em um estado de “depressão” quando a fé se obscurece, disse o Pontífice, segundo indicou a Rádio Vaticano.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada por Vatican Insider, 10-06-2016. A tradução é de André Langer.
Francisco deu um exemplo: pode ser um pecador arrependido que decidiu retomar o caminho para Deus ou inclusive um “eleito” que a Ele consagrou sua vida; em qualquer caso podemos ser assaltados pelo medo de não conseguir fazer as coisas. Mas, para sair do túnel, o Papa evocou a situação do filho pródigo, deprimido enquanto observava faminto os porcos, e se concentrou no personagem da liturgia do dia, o profeta Elias.
Francisco afirmou que Elias é “um vencedor” que “lutou tanto pela fé”, venceu centenas de idólatras no Monte Carmelo. Depois, após a enésima perseguição que sofre, fica abatido. Cai por terra, desanimado, sob uma árvore esperando a morte, mas Deus não o deixa nesse estado de prostração, mas lhe envia um anjo com um imperativo: levanta-te, coma e saia.
“Para encontrar – afirmou o Pontífice – Deus é necessário voltar à situação em que o homem estava no momento da sua criação: de pé e a caminho. Assim Deus nos criou: à sua altura, à sua imagem e semelhança e a caminho. ‘Vai, segue adiante! Cultiva a terra, faça-a crescer; e multiplicai-vos...’. ‘Saia!’. Saia e vá ao Monte e pare no Monte à minha presença. Elias ficou de pé. De pé, ele sai”.
Sair e colocar-se na escuta de Deus. Mas, “como encontrar o Senhor? Como posso encontrar o Senhor para estar certo de que seja Ele?”, pergunta-se Francisco. A passagem do Livro dos Reis é clara. O anjo convida Elias para sair da caverna no Monte Oreb onde havia encontrado amparo para estar na “presença” de Deus. No entanto, não o induz a sair nem o vento “impetuoso e forte” que quebra as rochas, nem o terremoto que se seguiu e nem mesmo o sucessivo fogo.
“Tanto barulho, tanta majestade, tanto movimento – recordou o Papa – e o Senhor não estava ali. ‘E depois do fogo, o sussurro de uma brisa leve’ ou, como está no original, ‘o fio de um silêncio sonoro’. E ali estava o Senhor. Para encontrar o Senhor, é necessário entrar em nós mesmos e sentir aquele ‘fio de um silêncio sonoro’ e Ele nos fala ali”.
O terceiro pedido do anjo a Elias é: “Sai”. O profeta é convidado a refazer seus passos, em direção do deserto, porque lhe foi dado cumprir uma missão. Francisco destacou que nisto devemos aceitar o convite “para estar a caminho, não fechados, não no egoísmo da nossa comodidade”, mas “corajosos” para “levar aos outros a mensagem do Senhor”, isto é, sair em “missão”.
Sempre, exortou Francisco, “devemos buscar o Senhor. Todos nós sabemos como são os maus momentos: momentos que nos puxam para baixo, momentos sem fé, escuros, momentos em que não vemos o horizonte, somos incapazes de nos levantar. Todos nós sabemos isso! Mas é o Senhor que vem, nos restaura com o pão e com a sua força e nos diz: ‘Levante-se e vá em frente! Caminhe!’. Para encontrar o Senhor devemos estar assim: de pé e caminhar. Depois esperar que ele fale conosco: o coração aberto. E Ele vai nos dizer: ‘Sou eu’ e ali a fé se torna forte. A fé é para mim, para preservá-la? Não! É para ir e dá-la aos outros, para ungir os outros, para a missão”.
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“Todos nós sabemos como são os momentos obscuros, sem fé” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU