14 Dezembro 2015
A reforma psiquiátrica brasileira é referência mundial na atenção as pessoas com transtornos mentais e/ou decorrente do uso de álcool e outras drogas.
A reportagem é de Rafaela Uchoa, publicada por Viomundo, 13-12-2015.
Porém, ontem foi anunciado pelo Ministério da Saúde que o até então coordenador nacional de saúde mental, álcool e outras drogas Roberto Tykanori – conhecido por sua militância na luta antimanicomial – foi substituído pelo psiquiatra Valencius Wurch, ex-diretor da Casa de Saúde Dr. Eiras, o maior hospício da América Latina.
O manicômio Dr. Eiras, localizado no Rio de Janeiro, foi fechado em 2012, dois anos depois de ordem da justiça para que as atividades no local fossem encerradas devido a uma série de denúncias das condições sub humanadas em que os internos viviam.
Valencius Wurch dirigiu o local por dez anos, denunciado inúmeras vezes por abandono e maus tratos.
Em maio e agosto de 2000, o Ministério da Saúde produziu auditorias que descreveram um quadro de ‘casa dos horrores’, negado pela Casa de Saúde Dr. Eiras.
Uma caravana da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados igualmente criticou o manicômio.
Em 2001, a Secretaria de Estado de Saúde proibiu novas internações – havia pouco mais de 1.500 pacientes -, assumiu a gestão das verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) destinadas à Casa de Saúde Dr. Eiras (R$ 13 milhões em 2000) e promoveu um censo com uma série de denúncias ao local.
Como se não bastasse seu histórico profissional, o psiquiatra Wurch, também declarou em entrevista ao Jornal do Brasil, em 1995, que era contra a Lei Paulo Delgado – Lei que garante os direitos aos portadores de transtorno psíquico no Brasil – e que tirar as pessoas dos manicômios era algo meramente “ideológico”.
Diante dessa nomeação extremamente nociva para a luta antimanicomial, os militantes têm se reunido em todo o Brasil para combater os retrocessos na saúde mental e nos direitos humanos.
*****
Ativistas da luta antimanicomial promovem um abaixo-assinado:
Vossa Excelência Senhor Ministro da Saúde Marcelo Castro,
Viemos através dessa petição, enquanto entidades e movimentos sociais organizados, em nome da Saúde Mental e setores da sociedade civil, para pedir a revogação da nomeação do Sr. Valencius Wurch para a Coordenação Nacional de Saúde Mental.
Alegamos que este senhor não representa a atual política de saúde mental do país conquistada e fundamentada em diversas leis e resoluções. Sua nomeação é uma afronta a Constituição e aos princípios da cidadania resguardados pela Reforma Psiquiátrica.
”O Sr. Valencius é ex diretor da Casa de Saúde Dr. Eiras, o maior hospício da América Latina. O manicômio Dr. Eiras, localizado no Rio de Janeiro, foi fechado em 2012, dois anos depois de ordem da justiça para que as atividades no local fossem encerradas devido a uma série de denúncias das condições sub humanadas em que os internos viviam. Valencius Wurch dirigiu o local por dez anos, denunciado inúmeras vezes por abandono e maus tratos.
Em maio e agosto de 2000, o Ministério da Saúde produziu auditorias que descreveram um quadro de ‘casa dos horrores’, negado pela Casa de Saúde Dr. Eiras. Uma caravana da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados igualmente criticou o manicômio. Em 2001, a Secretaria de Estado de Saúde proibiu novas internações – havia pouco mais de 1.500 pacientes -, assumiu a gestão das verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) destinadas à Casa de Saúde Dr. Eiras (R$ 13 milhões em 2000) e promoveu um censo com uma série de denúncias ao local.
Como se não bastasse seu histórico profissional, o psiquiatra Wurch, também declarou em entrevista ao Jornal do Brasil, em 1995, que era contra a Lei Paulo Delgado – Lei que garante os direitos aos portadores de transtorno psíquico no Brasil – e que tirar as pessoas dos manicômios era algo meramente “ideológico”.
Pedimos para que sua amizade com o sr. Valencious não interfira em algo tão delicado que é a saúde mental. Pedimos que confie nesta petição como a voz dos profissionais da área que pedem RESPEITO à Reforma Psiquiátrica".
PS do Viomundo: O Brasil escapou de Manoel Jr., aliado de Eduardo Cunha, no ministério da Saúde (Conceição Lemes denunciou aqui), ele que nega ter mandado matar um desafeto em sua cidade de origem, na Paraíba (você pode vê-lo em ação na Comissão de Ética defendendo o patrono). Acabou com Marcelo Castro, também do PMDB, inimigo de Cunha mas ideologicamente afinado com a privataria via OSs e outras formas disfarçadas de lucrar com a Saúde Pública.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Governo Dilma nomeia psiquiatra que é contra reforma manicomial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU