06 Outubro 2015
O Sínodo sobre a Família não vai mudar a doutrina da Igreja ou dar uma resposta “categórica” à comunhão para divorciados e novamente casados, mas em vez de tentar encontrar novas abordagens pastorais para casais em tal posição, disse o cardeal Vincent Nichols.
O comentário é de Christopher Lamb, publicado pela revista inglesa The Tablet, 05-10-2015. A tradução é de Evlyn Louise Zilch.
Falando na véspera do início do Sínodo ordinário, o cardeal disse que a Igreja precisava redescobrir maneiras de expressar a misericórdia de Deus e aprender com o testemunho das famílias.
“Não haverá sequer nenhuma mudança doutrinária. Não haverá nenhum entendimento sobre a indissolubilidade do matrimônio sacramental católico válido como algo que podemos ‘estacionar ao lado’ e seguir em frente”, disse ele ao The Tablet.
“Essas regras são muito claras. A Igreja não dirá que uma união civil do mesmo sexo para qual foi dada o título de casamento por lei é agora o equivalente a um casamento entre um homem e uma mulher e é consagrada por Deus”.
Mas ele ressaltou: “O desafio do Sínodo é desenvolver na Igreja um novo repertório de bom acompanhamento pastoral. Eu cresci com esta definição da Igreja: a Igreja Católica é a Igreja dos pecadores. Isso significava que nenhum de nós estava em qualquer outra posição que não fosse necessitando da graça de Deus”.
Ele acrescentou que “não é nenhuma surpresa” que o Papa Francisco estabeleceu o Ano Jubilar da Misericórdia, previsto para começar em 8 de dezembro, conforme o contexto provável em que as conclusões do Sínodo sobre a Família serão lançadas.
O Cardeal Nichols está representando a Igreja da Inglaterra e País de Gales no Sínodo, que vai até 25 de outubro, e é acompanhado pelo Bispo de Northampton, Peter Doyle, que está no comando da conferência do departamento dos bispos sobre casamento e vida familiar.
Ele ressaltou que ele e o Bispo Doyle irão trazer para o Sínodo o feedback recebido dos católicos na Inglaterra e no País de Gales, muitos dos quais apelaram por uma mudança na abordagem da Igreja sobre divorciados recasados e gays.
“Este não é um encontro de homens celibatários, este é um encontro de pastores designados por Cristo para cuidar de seu povo. E nós tentamos trazer tudo o que temos ouvido para este Sínodo”, disse ele.
O processo para Sínodo vindouro irá incluir mais tempo para pequenos grupos – o circoli minori – e falas dos participantes limitadas a três minutos.
O Cardeal Nichols, que participou de uma série de sínodos no passado, disse que o processo evitará que o Sínodo atual seja simplesmente um “repeteco” do ano passado e inclui uma abertura maior para expressão de pessoas casadas e mulheres leigas.
“Em cada grupo haverá pessoas que são casadas e, portanto, haverá mulheres, e é muito mais fácil para essas vozes serem ouvidas em pequenos grupos do que são na aula [o salão do Sínodo]”, disse ele. “Nos pequenos grupos você se envolve com os outros. E eu acho que será vigoroso assim como eu acho que será criativo também”.
Sobre a questão dos católicos divorciados e recasados ele disse que “não haverá nenhuma resposta categórica” sobre eles poderem receber a comunhão.
“O que estamos procurando é a arte do acompanhamento. Você não pode prever aquilo, não é possível generalizar aquilo”, disse ele. “[Nós] não estamos falando de um salto, pulo e de um retorno aos trilhos do altar, nós estamos falando sobre a cicatrização de feridas profundas”.
O Papa Francisco, explicou o cardeal, não quer que o Sínodo veja a família como um problema e procure encontrar soluções, mas que veja onde estão suas dificuldades e como oferecer apoio.
Como exemplo o cardeal Nichols reiterou sua crítica à política do governo de se recusar a permitir que um companheiro não europeu de um cidadão britânico possa viver no país.
“Há muito poucas concessões feitas para priorizar os relacionamentos familiares em nossas políticas de migração. Acho que o governo britânico mantém o que só posso considerar como uma postura bastante vergonhosa sobre os casamentos de cidadãos britânicos com não europeus, aonde caso após caso chegou a mim em que o companheiro não europeu de um cidadão britânico não poderia vir e morar na Inglaterra. E isto é um total desrespeito com a importância do casamento e da vida familiar”.
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Sínodo não mudará ensinamentos em comunhão para divorciados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU