Por: André | 11 Junho 2015
O governo do Syriza pediu aos credores internacionais uma resposta “clara e por escrito” e estes consideraram insuficiente a proposta. Reúnem-se Tsipras, Merkel e Hollande.
A reportagem é publicada por Página/12, 10-06-2015. A tradução é de André Langer.
A Grécia apresentou nesta terça-feira uma contraproposta aos seus credores internacionais a três semanas do próximo grande vencimento de sua dívida externa. Enquanto o primeiro ministro grego Alexis Tsipras informava os dirigentes e a bancada da sua coalizão, o Syriza, sobre a proposta, um dos principais negociadores do seu governo e ministro de Estado, Nikos Pappas, saiu para pressionar publicamente os credores. “Queremos uma resposta clara e por escrito”, escreveu o homem de confiança de Tsipras nas redes sociais.
Os credores consideraram insuficiente a oferta da Grécia. Entre críticas à austeridade e à oligarquia econômica grega, o Tsipras – que apresentou a proposta nesta quarta-feira em sua reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande – apresentou-se como campeão da Europa social e advertiu que o fracasso da negociação entre a Grécia e seus credores anunciará o princípio do fim da Zona do Euro, começando pela Itália e a Espanha.
A contraproposta grega não inclui uma redução das aposentadorias nem um aumento do IVA para os alimentos básicos, medicamentos e energia, nem uma eliminação do sistema coletivo de negociação trabalhista, como pedem as instituições credoras. Ao contrário, propõe admitir o fracasso da receita do ajuste e reorientar os esforços para combater a evasão fiscal, o contrabando e o trabalho informal, segundo adiantou na terça-feira Tsipras, em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera. A contraproposta grega, feita em apenas três páginas, também reitera a reivindicação de Atenas de que os bônus gregos em poder do Banco Central Europeu sejam transferidos para o fundo de estabilidade europeia, o que daria um respiro importante ao fragilizado país.
Atenas e os credores internacionais negociam há quatro meses um acordo que permita à Grécia obter 7,2 bilhões de euros de ajuda financeira para honrar seus compromissos da dívida e evitar o default. Ao mesmo tempo, garantiria uma liquidez suficiente para continuar pagando salários e cumprindo com seu orçamento interno. Um default grego poderia deixar o país fora da Zona do Euro e representar um duro golpe à recuperação econômica mundial, após a crise financeira que se estendeu dos Estados Unidos para o resto do mundo a partir de 2008.
A Grécia fez um acordo com o Fundo Monetário Internacional para atrasar o pagamento de 305 milhões de euros que devia fazer na sexta-feira da semana passada e acumular os 1,6 bilhão de euros que deve pagar em junho para o final do mês. Desta maneira, ganhou tempo para chegar a um acordo com seus credores. A porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, disse que recebeu a contraproposta grega na manhã da terça-feira e adiantou que as três instituições credoras (FMI, Comissão Europeia e o Banco Central Europeu) analisarão as propostas “com diligência e cuidado”.
Segundo disse o premiê heleno em uma reportagem ao Corriere della Sera, a negociação abre o caminho para a definição de como a Grécia retornará aos mercados com uma economia competitiva no tempo mais breve possível. Caso não se chegue a um acordo, acrescentou, “nos quatro anos do nosso governo, terminaremos o nosso trabalho. Não vamos trair o povo grego”. Além disso, Tsipras disse que seu país não negocia apenas por seu próprio interesse, mas pelo do conjunto dos europeus, e diferenciou o conjunto dos líderes políticos europeus daqueles que, como ele, continuam acreditando em uma democracia solidária para a Europa.
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Contraproposta grega - Instituto Humanitas Unisinos - IHU