Pier Giorgio Frassati, leigo não clerical

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22 Mai 2015

Há vinte e cinco anos João Paulo II beatificava o jovem de Turim, filho do diretor de “La Stampa”, que com o seu modo de viver a fé antecipou o Concílio Vaticano II.

O discurso com o qual o Papa Francisco auspiciou uma renovada responsabilidade dos leigos foi pronunciado numa mão-cheia de horas de distância do vigésimo quinto aniversário da beatificação de Pier Giorgio Frassati, ocorrido aos 20 de maio de 1990. Foi João Paulo II quem a celebrou, após tê-la desejado: como arcebispo de Cracóvia Wojtyla ficara fascinado pela figura daquele jovem cheio de vida e amante da montanha, que dava aos pobres o dinheiro que tinha. E reconhecia sua força e atualidade.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 20-05-2015. A tradução é de Benno Dischinger.

Arturo Carlo Jemolo havia notado como Pier Giorgio teria antecipado em trinta anos as indicações dadas pelo Concílio Vaticano II sobre o papel dos leigos na Igreja, e precisamente durante o Sínodo dedicado aos leigos o Papa Wojtyla o declarou venerável, apresentando-o como exemplo. Na homilia da beatificação, há 25 anos, são João Paulo II o definia como “homem das oito bem-aventuranças”, apresentava sua vida como “uma aventura maravilhosa” e falava do novo beato como exemplo que a santidade “está ao alcance de todos”.

Já  em março de 1977, portanto um ano e meio antes de ser eleito Papa, o então cardeal Wojtyla, inaugurando uma mostra sobre Frassati promovida pelos dominicanos em Cracóvia, havia dito aos jovens presentes: “Observai bem estas fotografias, como aparecia o homem das oito bem-aventuranças, que carrega consigo a graça do Evangelho, da Boa Nova, a alegria da salvação oferecida por Cristo, em si mesmo para todos os dias, como cada um de vocês; como um verdadeiro jovem homem, estudante, rapaz, vosso coetâneo para estas três gerações. Ide e observai como era o homem das oito bem-aventuranças... Nascido no início deste século, morreu jovem como frequentemente morrem os santos”. Quase uma beatificação antecipada. “Também eu, na minha juventude, senti o benéfico influxo do seu exemplo e, como estudante, fiquei impressionado pela força do seu testemunho cristão – confessará João Paulo II em 1989, vindo rezar sobre a tumba de Pier Giorgio no cemitério de Pollone. "Ele ofereceu a todos uma proposta que também hoje não perdeu nada de sua força cativante”.  

Para a próxima Jornada mundial da Juventude de Cracóvia, Francisco escolheu como tema as bem-aventuranças. O cardeal Stanislao Dziwisz solicitou a presença das relíquias do corpo de Frassati durante a JMJ, como já ocorrera em 2008, para a Jornada de Sidney. “O lema da jornada é bem-aventurados os misericordiosos porque encontrarão misericórdia – disse Dziwisz. O Santo Padre João Paulo II chamou Pier Giorgio o “Homem das oito Bem-aventuranças”, já como cardeal de Cracóvia. Por este motivo, me parece que a presença de suas relíquias seja uma iniciativa pastoral particularmente preciosa”.

Pier Giorgio Frassati é amado e venerado em todo o mundo: da Patagônia, onde se ergue um dos mais difíceis cumes a escalar, o “Cerro Pier Giorgio”, à Polônia onde a recorrência do 25° aniversário é festejada em Rybnik com três dias de preces pela paz por mais de 500 jovens “Tipi loschi” [Tipos dúbios, estrábicas] (o nome que o beato quis dar à “companhia” por ele fundada) que seguem o seu exemplo e a pastoral universitária de Lubino e de Poznan estão sob o seu patrocínio. Das Filipinas a Paris, onde os “Types Louches” se prodigalizam na ajuda aos mais marginalizados; dos USA, onde a Conferência Episcopal dos Estados Unidos nomeou ultimamente o beato Pier Giorgio protetor das JMJ, onde nos seminários andares inteiros são dedicados a ele e onde muitos jovens, escolhendo a ordem dominicana, assumem o nome de frei Pier Giorgio.

Ele é venerado na Austrália, onde o arcebispo de Melbourne dirige aos jovens de sua diocese uma mensagem toda baseada em Pier Giorgio, incluindo um vídeo com uma prece a ele dirigida; isso porque os jovens, e não só os leigos, mas também seminaristas e sacerdotes podem identificar-se com ele e nele encontrar a força e a coragem de quem soube, embora conduzindo uma vida normal de estudante, amar Cristo e amá-lo até o fundo nos pobres e sofredores, viver o seu cristianismo com uma espontaneidade “que quase dá medo”, como escrevia Karl Rahner. Mas, ao mesmo tempo, considerá-lo como um amigo que à amizade dava uma importância toda particular.