Por: Jonas | 20 Março 2015
Selvas Amazónicas – Missionários Dominicanos apresenta, em Madri, um estudo sobre os impactos sociais e ambientais que a exploração de recursos naturais (madeira, ouro e gás) provoca na Amazônia do Sul, no Peru, e a resposta dada pelos missionários dominicanos em defesa da população indígena.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 19-03-2015. A tradução é do Cepat.
“Nossa forma de vida provoca a asfixia dos povos indígenas e também nos afoga”. Com estas palavras, frei Francisco Faragó, Diretor de Selvas Amazónicas, expôs a motivação que fez com que esta instituição preparasse um documento que estuda as repercussões que a exploração de recursos naturais no sul da Amazônia, no Peru, provoca na vida dos indígenas.
O documento tem como finalidade “elaborar uma detalhada análise das atividades extrativas da madeira, ouro e gás no sudeste peruano; identificar os impactos socioculturais, econômicos e ambientais; e, finalmente, identificar a resposta dada pelos Missionários Dominicanos frente à incidência destas atividades”, como recordou frei José Antonio Lobo, diretor de Ação Verapaz, encarregado de apresentar o estudo.
Há séculos, a extração de recursos naturais é um processo comum nessa região, por isso o documento começa com alguns apontamentos históricos, a partir dos quais se aprende que esta exploração, ao longo do tempo, trouxe poucos benefícios à população local, provocando desigualdades e uma grave deterioração do entorno natural que é sua fonte de vida.
Atualmente, a extração da madeira, do ouro e do gás está tendo um forte impacto em nível sociocultural, provocando restrições de liberdade de ação, pensamento e mobilidade do indígena amazônico, dificuldades de relação entre trabalhadores imigrantes e comunidades nativas. O aumento das desigualdades sociais está gerando algumas relações sociais baseadas em paternalismo e servidão, tráfico de pessoas, conflitos entre Estado e indígenas...
No âmbito econômico, a extração dinamiza o crescimento econômico dos mercados locais, aumenta o comércio e serviços de transporte, concede maiores oportunidades de trabalho... Tudo isso provoca uma sensação generalizada de prosperidade que é artificial porque não melhora a qualidade de vida da população.
Ao contrário, atualmente, a desnutrição da população é maior do que antes do boom da extração de madeira, ouro e gás. Os trabalhos muitas vezes são precários, com algumas relações trabalhistas baseadas na servidão e privação da liberdade, e a riqueza se concentra nas elites sociais, provocando graves desigualdades. Surgem atividades econômicas ilícitas (narcotráfico, tráfico de pessoas) e aumenta o número de roubos e fraudes, etc...
A exploração dos recursos provoca graves impactos ambientais, alguns irreversíveis como o desmatamento pelo corte ilegal, a mudança de comportamento de biomas amazônicos, mudança no uso do solo amazônico, mudança de curso dos rios e sua contaminação por derramamentos e vazamentos que são ocultados, perda de biodiversidade, escassez de recursos alimentícios de caça e pesca para indígenas...
O problema é grave, como deixou claro o cardeal Turkson, algumas semanas atrás, na apresentação, no Vaticano, da Rede Eclesial Pan-Amazônica. O presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz denunciou as graves consequências que o desmatamento estava provocando na Amazônia, e pediu para proteger a Amazônia da pilhagem e da atividade de empresas mineiras, petroleiras e de gás.
Os missionários dominicanos, sem negar o desenvolvimento, sempre reagiram frente aos danos que a extração de recursos provoca no meio ambiente e nas populações indígenas. Desde que chegaram nessa região do Peru, há cem anos, trabalham pela liberdade e dignidade dos povos indígenas, colocando-se do lado deles, levantando a voz contra os abusos das empresas extrativas que roubam madeira, ouro e gás da floresta amazônica, preocupando-se com as vítimas que, às vezes, deparam-se com a escravidão, aconselhando a população para que não seja enganada, denunciando o tráfico de pessoas...
Selvas Amazónicas, além de sustentar economicamente as obras de missão e solidariedade dos dominicanos no Peru e em outras regiões do mundo, possui como objetivo sensibilizar a solidariedade espanhola por meio de recursos formativos e educativos, que nos demonstram que não devemos viver com mais do que necessitamos. “Estamos interconectados e devemos viver de forma responsável, aqui, para evitar a exploração lá. É a melhor maneira de ajudar as missões”, afirmou Alexia Gordillo, responsável pela tarefa de sensibilização de Selvas Amazónicas.
O documento apresentado por Selvas Amazónicas-Missionários Dominicanos e o Centro Cultural Pio Aza foi elaborado por dois profissionais: Donaldo Humberto Pinedo Macedo (antropólogo) e Marko Alejandro Calsina Holgado (economista), contendo informação quantitativa (estatística) e qualitativa (entrevistas com missionários, responsáveis por empresas extrativistas, políticos, trabalhadores, líderes indígenas, etc.). Sua apresentação aconteceu na terça-feira, 17 de março, no Salão Actos Virgen, de Atocha.
Veja o vídeo, em espanhol.
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Espanha. Freis dominicanos denunciam “a asfixia dos povos indígenas na Amazônia” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU