22 Julho 2014
A Igreja Católica alemã em 2013: mais abandonos, menos praticantes, menos padres: um comentário sobre os números das estatísticas.
A reportagem é de Ingo Brüggenjürgen, publicada no sítio Domradio.de, 18-07-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Sag mir wo die Christen sind, wo sind sie geblieben?" (Diga-me onde estão os cristãos, onde eles estão?). Mais de 17 mil católicos só na diocese de Colônia foram embora da Igreja no ano passado. Viraram as costas principalmente amargurados ou enraivecidos.
Para quem repassa o ano passado do ponto de vista eclesial, a primeira coisa que vem à mente é o novo Papa Francisco. Mas o seu modo de governar e o seu compromisso com os refugiados, pobres e marginalizados não pode ser o motivo para os abandonos.
Ao contrário, o bispo de Roma goza, em nível mundial, de uma grande reputação e de um consenso raramente registrado antes. Até mesmo os críticos mais severos da Igreja estão admirados e profundamente impressionados com a autêntica apresentação do anúncio cristão e concordam nos louvores.
Não, quem busca os motivos para os elevados números de pessoas que saíram da Igreja na história recente deve começar a partir da sua própria cidade, na porta da própria casa. O escândalo dos abusos na Igreja ainda fazia muito mal quando, no início de 2013, espalhou-se a história da pílula do dia seguinte rejeitada em uma clínica católica de Colônia a uma mulher que havia sido estuprada.
O fato de os detalhes do caso não aparecerem nas manchetes da imprensa não melhorava a situação. E quando a Igreja atingida já estava no chão, veio o caso Limburg. Os procedimentos escandalosos sobre o financiamento da construção episcopal foram a gota que fizeram o copo transbordar para muitos católicos.
Um bispo que mentia e que, obviamente, tinha perdido todo contato com a realidade? "Não, obrigado. Realmente preciso renunciar a tal companhia! Agora chega!"
E então, em toda a Alemanha, cada vez mais católicos simplesmente viraram as costas para a sua própria Igreja não mais amada. Se contarmos, além dos abandonos, também a diferença entre batismos e funerais, vemos que na arquidiocese de Colônia, no fim de 2013, havia 24 mil católicos a menos, em suma. Como se não houvesse mais toda uma cidade de médio porte como Meckenheim.
Isso deve preocupar e entristecer todos os fiéis. Não pode deixar os católicos indiferentes, especialmente aqueles que tomam decisões. Mudar de pauta? Não é tão assim tão mau. No ano seguinte, as coisas vão melhorar de novo? É uma conclusão errada.
Se até mesmo os maiores clubes de automóveis alemães, apesar de truques e trapaças, não perdem membros, quando uma Igreja que quer ser algo mais do que um clube e quer chegar a todos, ao contrário, perde maciçamente os seus adeptos, há algo que não funciona.
As pessoas talvez precisam do anúncio cristão hoje talvez mais do que há 2.000 anos. Muitos estudos mostram nostalgia da religião, de valores e de felicidade. A Igreja Católica tem o seu anúncio de salvação justamente para essas pessoas.
Mas, além do papa de Roma, a Igreja perdeu amplamente a sua força de atração. É a partir daí que devemos começar. Deve-se poder sentir a alegria da fé. Não basta dizê-la com palavras. Ela deve ser vivida de maneira crível.
O entusiasmo pela boa notícia ainda deve ser contagiosa. Os cristãos não devem mais ser como guardiões do Graal das Santas Cinzas, muitas vezes portadores de respostas a perguntas que ninguém mais se faz.
Em todos os níveis, são necessários mensageiros vivos de um fogo que se espalha. Corajosos contemporâneos que não se arrastam penosamente, mas que difundem a autoconsciência de ser uma vanguarda. Que sabem a direção, porque vão ao encontro do Salvador do mundo.
Mas justamente aqueles que têm responsabilidade na Igreja não pode, diante desses preocupantes números de abandonos, olhar com medo para o outro lado e se comportar como expoentes de uma "realpolitik".
Há a necessidade não só de exemplos de santos da longa história da Igreja. Também é preciso de algo a mais do que um bispo de Roma convincente que trabalha honesta e indefesamente.
Há a necessidade, justamente aqui entre nós, de muitos cristãos envolventes em posições de responsabilidade e de padres que levem entusiasmo, que se apresentem não como empresários sobrecarregados com compromissos, mas como pastores que acompanham os fiéis.
E ao menos um punhado de bispos que, como o arcebispo de Colônia recém-nomeado, queiram entrar no jogo corajosa e conscientemente.
Quando perguntado sobre qual era a sua estratégia para Colônia, ele respondeu: "Gostaria que nos apresentássemos como a nossa seleção na partida contra o Brasil!". Mas não no sentido de colocar bandeiras cristãs nos carros e reunir milhares de torcedores na frente da catedral de Colônia. No entanto, se pudéssemos, desse modo, reduzir e impedir o doloroso resultado dos abandonos da Igreja, seria um início encorajador.
"Sag mir wo die Christen sind, sie sind treu geblieben..." (Diga-me onde estão os cristãos, diga-me se eles permaneceram fiéis...).
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Onde estão os cristãos? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU