15 Julho 2014
O Papa Francisco quer que sua visita às Filipinas no próximo ano seja pastoral e simples, disse o cardeal Luis Tagle, de Manila, aos jornalistas numa coletiva de imprensa nesta segunda-feira.
A reportagem é de N.J. Viehland, publicada por National Catholic Reporter, 11-07-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Tagle afirmou que Francisco quer se encontrar especialmente com os que sofreram com as recentes calamidades que ocorreram no país. “O elemento central da visita do papa” é mostrar solidariedade e compaixão às pessoas afetadas pelas últimas calamidades, disse na entrevista coletiva organizada pela Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas, no Centro Católico Papa Pio XII, no distrito de Paco, em Manila, ao final da assembleia plenária semestral ocorrida nos dias 5, 6 e 7 de julho.
A Conferência dos Bispos, no entanto, ainda precisa finalizar a data e o itinerário da visita papal. Os religiosos esperam que o Vaticano anuncie estas informações no fim deste mês ou em agosto.
Na semana passada, Tagle acompanhou algumas autoridades vaticanas à cidade de Tacloban, na província filipina de Leyte, em preparação para a visita papal. Na ocasião, foram a locais que poderão receber a missa do papa nesta cidade da região central das Filipinas arruinada em novembro pelo tufão Haiyan. Segundo o que divulgou a arquidiocese de Palo em sua página no Facebook, os locais propostos incluem o Novo Aeroporto, em San Jose, na cidade de Tacloban; o centro governamental em Palo; e a área do Porto de Tacloban.
“Autoridades vaticanas irão informar o Santo Padre e o escritório encarregado da visita papal sobre estas possibilidades. Não sabemos o que irá acontecer depois disso. Iremos apenas esperar”, Tagle contou aos jornalistas.
O tema da visita papal às Filipinas
A visita do Papa Francisco às Filipinas no próximo ano inspira-se na misericórdia e compaixão, e os fiéis deverão pôr seus corações e mentes em consonância com este tema em preparação para a visita, disseram os bispos em sua carta pastoral de 7 de julho a respeito da visita papal: “Uma Nação de Misericórdia e Compaixão”.
“O nosso pastor compassivo vem para mostrar a sua profunda inquietação pelo nosso povo, que tem enfrentado calamidades devastadoras, especialmente nas [ilhas] Visayas. Ele vem para nos confirmar na fé neste momento em que enfrentamos os desafios de testemunhar a alegria do Evangelho em meio às nossas provações”, disseram os bispos na carta pastoral.
A Conferência dos Bispos afirmou que a maneira mais apropriada de se preparar espiritualmente para a vinda do Papa Francisco é, para os filipinos, se tornarem um “povo rico em misericórdia”. A Conferência diz que as pessoas realizam atos de misericórdia todos os dias, tais como o dar a mão a um estranho solitário, aconselhar um colega de trabalho que precisa de ajuda, dar alimentos a um mendigo faminto ou ir visitar os que estão presos.
Os bispos lembraram aos fiéis: “No nível social, não nos esqueçamos também de abordar as questões de justiça e misericórdia presentes nas causas da pobreza e da desigualdade em nosso país, tais como a proteção do meio ambiente, a realização da reforma agrária e os desafios contínuos da boa governança, da construção da paz e do crescimento inclusivo para todos”.
Os católicos também precisam se preparar espiritualmente confessando-se, “passando mais tempo na adoração da Eucaristia, revivendo as orações e devoções pessoais e familiares em nossos lares”, acrescentaram bispos, ao passo que convidaram os padres para se fazerem mais disponíveis ao povo e mais visíveis no confessionário.
“Tudo isso abre, alimenta e sustenta em nossas vidas o dom da misericórdia”, escreveram os bispos na carta.
No dia 5 de julho, o arcebispo presidente da Conferência, Dom Socrates Villegas, da Arquidiocese de Lingayen-Dagupan, pediu aos demais prelados no início da assembleia para se prepararem para a visita papal seguindo o exemplo do Papa Francisco.
Pode-se fazer isso, disse, servindo ao povo de Deus com humildade e alegria.
“Na medida em que nos preparamos para a visita do Papa Francisco no ano que vem, vamos decidir, como uma fraternidade de bispos, trabalhar com humildade e alegria; vamos falar com honestidade o que pensamos, e vamos escutar com paciência aquilo que sentimos; vamos ver bondade em cada um de nós e viver a misericórdia do Evangelho”, disse Villegas.
Desejo de longa data do Papa: uma peregrinação na Ásia
Durante a entrevista de segunda-feira, Tagle revelou que o Papa Francisco há muito queria pôr os pés na Ásia.
“Ficamos sabendo que, quando ainda era um jovem jesuíta na Argentina, o papa manifestou o desejo de se tornar missionário aqui na Ásia, especificamente no Japão, mas isso não se materializou porque pediram-lhe para continuar em Buenos Aires. Portanto, a Ásia tem um lugar especial em seu coração”, falou.
“Esta iniciativa veio do coração de alguém que provavelmente esteve, nos últimos anos, à espera de pôr os pés na Ásia e de estar aqui”, acrescentou Tagle.
Disse que quando convidou Francisco para vir às Filipinas logo após a sua eleição como papa, foi-lhe dito pelo próprio pontífice que esta viagem iria acontecer.
“Poucos meses depois, me encontrei com [o papa] novamente. E ele mesmo disse que a Ásia é importante para a evangelização. A população cristã neste continente pode ser numericamente pequena, porém é significativa. E ele quer animar a Igreja na Ásia”, falou.
Mais de 60% da população mundial vive na Ásia. Os cristãos constituem menos de 3% das pessoas da região.
Tagle disse que o papa está ciente dos sofrimentos de muitos cristãos na Ásia. “Ele me falou que, se ficar cara a cara com os cristãos que foram perseguidos” e que sofreram, “irá querer beijar suas mãos e seus pés em homenagem”, lembrou Tagle.
“Percebemos claramente que ele não faz isso para se mostrar. Estas coisas vêm de seu coração com sinceridade. Ele quer confirmar os seus irmãos e irmãs na fé”, disse.
O cardeal Orlando Quevedo, da Arquidiocese de Cotabato, numa coletiva de imprensa sobre um congresso eucarístico de 2016 expressou o desejo de que o papa visite a região central de Mindanao, onde se localiza Cotabato. Na ocasião, falou aos jornalistas: “Eu simplesmente desejo que, quando o Santo Padre vier visitar as vítimas do furação Haiyan, ele possa viajar para Cotabato, se sua agenda o permitir, e assim, talvez, ajudar no processo de paz na região”.
Quevedo disse também: “Se o papa for visitar áreas que sofreram com os desastres, saibamos também que há vítimas de desastres provocados pelo homem”, tais como o deslocamento de pessoas e regiões que sofrem com conflitos armados.
“Afinal de contas, [o Papa Francisco] já foi para a Palestina e deixou uma mensagem muito boa não só por meio de palavras, mas também com gestos, pedindo por paz e reconciliação no Oriente Médio, especialmente entre os israelenses e palestinos”, disse Quevedo aos jornalistas na coletiva de 10 de julho. “Ele disse que uma visita papal às vítimas dos desastres mostraria o apoio da Santa Sé para com estas pessoas”, não apenas através de ajuda financeira ou material, mas “através de oração, o que é mais importante”.
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Conferência dos bispos filipinos lança tema da visita do Papa Francisco para 2015 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU